quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Carta aberta ao Vereador Jorge Felippe - sobre o aumento das tarifas do transporte público do Rio de Janeiro

Carta aberta ao Vereador Jorge Felippe, presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Excelência,

Confesso que pouco ouvi falar do senhor, imagino que seja principalmente por causa da irrelevância dos projetos que o senhor apresentou nas mais de três décadas que ocupa um cargo público (Saiba mais aqui) . Mas isso não é o mais importante agora.

O fato é que li no Jornal O Dia a declaração feita pelo senhor segundo o qual os cariocas “entendem” o aumento da tarifa do transporte público. Como carioca posso afirmar que o senhor está equivocado, ao menos em parte.

Eu “entendo” o aumento da tarifa apenas a partir de um ponto de vista: da relação promíscua mantida entre os grandes empresário do transporte urbano - como o senhor Barata que acredito que o senhor conhece bem, caso não o conheça, seguramente a sua filha o conhece - e os representantes do poder público. “Entendo” apenas se levo em consideração que o senhor e seus colegas, a despeito dos clamores populares, reiteradamente impedem que essa promiscuidade seja investigada numa CPI séria. Tanto eu, quanto tantos outros cariocas, imaginamos que essa proteção dado pelo senhor e seus colegas de câmara não deve vir gratuitamente, mas avançar nesse ponto seria apenas um palpite uma vez que o senhor e seus colegas são hábeis em impedir que os cariocas entendam a dimensão de tão profícua amizade entre políticos cariocas e empresários como o Mr. Barata.

Fora dessa ótica eu não entendo o aumento das tarifas.

Não entendo porque como usuária do transporte público urbano a “qualidade” que eu conheço é bem duvidosa. É uma qualidade marcada por atrasos, ônibus caindo aos pedaços, sempre lotados e que estão muito longe de atender minimamente a demanda. Talvez o senhor desconheça essa “qualidade” uma vez que usufrui de transporte particular “ocasionalmente” bancado pelo dinheiro dos impostos recolhidos mediante um sistema, este sim, de altíssima qualidade. 

Tendo tudo isso em vista, venho por meio desta singela carta fazer um apelo para o senhor.

Por favor, não fale pelos cariocas. Embora teoricamente o senhor nos represente a sua declaração indica que o senhor não só não nos representa como está no mínimo alienado de nossa realidade. Se mesmo assim o senhor insistir em dizer o que nós entendemos ou deixamos de entender, peço por gentileza que seja mais específico, ou mesmo honesto, em suas declarações. Na próxima entrevista pense em declarar que: 

“os cariocas entendem o aumento das passagens porque sabem que muitos de nós representantes somos eleitos e mantidos graças às generosas doações feitas por donos de empresas de ônibus e outros empresários, eu por exemplo sou muito grato à Marcon Empreendimentos Imobiliários que me doou 150 mil reais para a campanha, e também à Multiplan Empreendimentos Imobiliários que me doou 50 mil reais ”. ( Fonte: http://inter01.tse.jus.br/spceweb.consulta.receitasdespesas2012/abrirTelaReceitasCandidato.action )


O que acha, excelência? Não fica mais fiel aos fatos?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pode comentar, mas seja gentil!