domingo, 22 de fevereiro de 2015

Ódio.com



É surpreendente como a humanidade ainda não se auto-destruiu. Sério. Eu fico olhando alguns comentários na internet e tenho ficado um pouco paranóica. Quando pego transporte público me pergunto quantas daquelas pessoas que estão ao meu redor são aqueles personagens anônimos que destilam ódio na internet. Quantas daquelas pessoas que me rodeiam escrevem em notícias de estupro dizendo que a vítima “mereceu”? Quantas daquelas pessoas ameaçam pessoas como a Lola com violência sexual e esquartejamento só porque ela ousa falar de feminismo? Quantas daquelas pessoas comentaram que Jandira Magdalena Cruz, que morreu após um aborto realizado clandestinamente porque o Estado brasileiro é omisso, comentaram que Jandira mereceu a morte que teve? 

Homem comenta sobre a morte de Jandira Magdalena Cruz


Eu assisti o vídeo da Giovana, aquela menina que acaba em maus lençóis depois que o forninho caiu sobre ela. Caí na besteira de ler os comentários e li gente - os mesmo moralistas que defendem embriões - chamando a garotinha de “puta”. O que leva uma pessoa a chamar uma menininha de “puta” só porque estava dançando em casa? Para essas pessoas a “vida” e a “dignidade” das crianças (embriões, no caso do início da gestação) valem enquanto estiverem no útero das mulheres. Depois que nascem, especialmente se forem meninas, não importa mais. Depois que nascem vale chamá-las de “putas” por causa de uma dança dentro do quintal de casa. 

Homem xinga criança em comentário no vídeo "Eita Giovana"


É uma psicopatia coletiva, uma falta de empatia generalizada, o triunfo da crueldade. Estamos cercadas por pessoas que não pensam antes de opinar, que usam da segurança da internet para xingar, ameaçar, humilhar. Eu me pergunto se algumas pessoas realmente pensam o que escrevem ou se usam da internet para darem vazão à suas segundas personalidades psicopatas. Nenhum dos cenários é entusiasmaste, na realidade. 

Com tanto ódio, com tanta falta de compreensão, como ainda estamos aqui nesse planeta? 

Danilo Gentili, um dos seres mais repugnantes que ocupam horário na televisão (uma concessão pública que deveria cumprir função social, é sempre bom lembrar) tem milhões de seguidores fiéis no twitter. Um exército raivoso que defende o “ídolo” que diz o que eles pensam. Que diz que negras/os merecem bananas, que dispara sem cessar piadas machistas e misóginas, que sob o manto da inatacável “piada” não pensa duas vezes em vomitar o que ele pensa de verdade sobre negras/os e mulheres. Para ele e seus seguidores risadas boçais são mais preciosas do que a dignidade de outros seres humanos. Onde isso vai parar? 


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