quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Conheça o homem de bem

O homem de bem é um cidadão peculiar. O qualificativo “de bem” se enquadra direitinho no cara que acorda cedo para trabalhar e paga seus impostos. Cidadão exemplar. O homem de bem tem orgulho de ser homem, e de bem, e portanto não se furta de finalizar todo e qualquer argumento com “de bem”, categoria na qual ele tem certeza que faz parte. Ele não tem dúvidas de ser de bem até quando escreve que o estupro de uma menina foi merecido, ou que o rapaz morto com suas ferramentas de trabalho pela polícia mereceu morrer. O menino morto na frente da mãe mereceu morrer. É que a menina, o rapaz e o menino não são "homens de bem", e portanto não fazem parte da categoria especial “de bem” que dá, entre outras coisas, o direito de não ser assassinado pela polícia ou violentado. Se não for “de bem” o homem de bem já tem seu julgamento pronto: é puta, é traficante, é menor infrator. 

O homem de bem trabalha e paga seus impostos, o que outorga a ele, segundo seu próprio julgamento de bem, certos direitos especiais. Um deles é definir quem merece viver e quem merece morrer, o outro é estabelecer que toda e qualquer mulher merece ser estuprada, tem um outro ainda que faz o homem de bem crer que ele pode assediar quem ele quiser e bem entender e, por ser de bem, deve ser agraciado com um sorrisinho. O homem de bem é cheio de certezas.

O homem de bem se diz defensor da democracia… mas tem que ser a democracia “de bem”, a democracia dele. Na sua definição de democracia ele pode:

1. dizer o que quiser;
2. julgar a quem quiser;
3. rir de quem quiser;
4. assediar quem quiser;
5. ameaçar quem quiser.

Caso seja acionado na justiça ou criticado o homem de bem vestirá sua máscara favorita: a do injustiçado. A do trabalhador que acorda cedo e paga seus impostos. A do homem de bem massacrado pelos esquerdistas. O homem de bem é essencialmente um auto-declarado coitado, e acha que tem o direito dos direitos: ser acolhido. O homem de bem acha que merece atenção, afinal, ele é cheio de certezas, ele trabalha cedo, ele paga seus impostos, ele merece aplausos.  

O homem de bem jamais admite que está errado, porque talvez uma de suas principais características é ser egocêntrico. O mundo deve girar em torno do homem de bem, afinal, ele trabalha cedo, ele paga seus impostos. O homem de bem tem um valor em cifras que supera todo e qualquer valor humano. Impostos, de bem, trabalho. O homem de bem merece o mundo. Ele merece xingar mulher de “puta”. Ele merece sexo. Ele merece comemorar a morte do menino. Ele merece dizer que o trabalhador era bandido. Ele é o homem de bem, com todo o seu trabalho e impostos. 

O homem de bem as vezes é casado e tem filhos. Ele é um homem de bem! A mulher dele trabalha fora, limpa, cozinha. O homem de bem dá pitaco. Ele sabe qual é a verdade do mundo. Ele sabe o que ele merece e o que todo o resto do mundo não merece. Vejam o homem de bem. 

O homem de bem gosta de conforto e de tudo o que é conveniente… a ele próprio. Isso inclui ignorar toda e qualquer evidência que coloque em risco seu conforto, e tudo o que é conveniente a ele próprio. O homem de bem não gosta de mudanças. Ele trabalha, ele paga seus impostos, ele merece, ele pode. 

O homem de bem é tão merecedor que ele não se importa se seus atos e ações vão ofender ou machucar. Vale tudo para ele dar risada. Vale tudo para ele ter prazer. O homem de bem passa por cima de qualquer coisa para rir e para gozar, afinal, ele trabalha, ele paga seus impostos. Ele é um homem de bem. 

E o homem de bem tem medo, muito medo! O homem de bem tem verdadeiro terror de perder tudo o que ele merece por ser homem, de bem. Homem de bem que trabalha cedo e paga seus impostos.


O homem de bem é tudo isso: impostos, trabalhos e egocentrismo… o homem de bem é só isso.

domingo, 14 de junho de 2015

A esquizofrenia de uma imprensa falida (O editoral da Folha de S. Paulo)



A imprensa passa por momentos críticos. Jornais e revistas lutam ferozmente para sobreviver num mercado cada vez mais competitivo graças à democratização da comunicação promovida pela internet. Hoje qualquer pessoa (eu inclusive) pode criar um blog, um website ou mesmo usar as redes sociais para produzir e distribuir conteúdo. No twitter contas como a “Lei Seca RJ” veiculam informação em tempo real não só sobre os fiscais da Lei Seca, mas também sobre o trânsito, situação do transporte público, tiroteios, etc. Uma cidadã ou um cidadão com um smartphone e acesso à internet se transformou num veículo de notícia. Nem se todos os jornalistas de uma redação passassem o tempo todo nas ruas seriam capazes de concorrer contra páginas e perfis colaborativos. Definitivamente os jornais, telejornais, emissoras de rádio e revistas perderam o monopólio da notícia. Por que comprar um jornal ou revista se podemos consultar gratuitamente informações na internet? 

Nesse cenário os veículos tradicionais de notícia precisam cada vez mais de anunciantes para continuar no mercado. E quem banca o banco controla o movimento. Obviamente que esses anunciantes querem notícias que valorizem seus produtos. Se em algum momento a imprensa tradicional teve algo de independente, esse momento acabou quando os smartphones e a internet se tornaram mais acessíveis. Agradar os donos do dinheiro virou a regra e a imprensa tradicional cada vez mais se mostra como uma mercenária capaz de encampar qualquer briga que os anunciantes queiram enfrentar. 

Aí vemos a Folha de S. Paulo dando espaço para o que há de mais reacionário no jornalismo atual. Não preciso citar nomes, uma olhadinha no elenco de colunistas mostra que, embora pouco estrelados, eles veiculam discursos agradáveis aos grandes anunciantes e mobilizadores da audiência mais conservadora de nossas terras tropicais. Ao mesmo tempo a Folha ainda cultiva um público mais progressista, uma galerinha que curte comprar jornal da banca e tem perdido a paciência com os rumos da Folha. Eu mesma cancelei a minha assinatura do jornal, definitivamente ele deixou de ser minha principal fonte de informação. Bom, mas a Folha sabe que se continuar vai perder o público mais progressista que resta. Daí elaboraram aquela propaganda da “Opinião da Folha” no qual pessoas apresentam o posicionamento do jornal e depois apresentam o próprio. Tudo para ludibriar o público, tudo para dizer que a Folha é democrática e dá espaço para o contraditório. Mas é notável  que os colunistas e o tom das notícias em geral são explicitamente do nível “reinaldete”. Quem a Folha quer enganar?

Nesse estratégia louca de tentar agradar ao mesmo tempo gregos e troianos ocasionalmente o jornal solta editoriais como esse. Ora, não foram eles mesmo que  contribuíram para alimentar o ódio insano contra um partido? Ódio que chegou a tais proporções que fomentou panelaços e manifestações de apoio explícito à ditadura? Ódio que fez “cidadãos de bem” baterem palma para o questionável Cunha só porque ele é o aliado mais oposicionista da história de um governo? Ah, Folha! Assim vocês perdem o pouco respeito que vos resta. 


Leia mais sobre a Declínio e Queda do Império da Imprensa na página da Cynara Menezes

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Uma moça (Ódio.com Parte III)

Uma moça estava voltando do trabalho. Quando cruzava por volta das 23:00 em passos velozes a rua mal iluminada em que morava na periferia de Recife foi abordada por um elemento. Ele tinha por volta de 25 anos, estava vestido com uma bermuda vermelha, camisa branca e usava um boné preto. Ele a ameaçou com uma arma, a levou para um canto ainda mais escuro e a violou. Nos jornais a notícia apareceu em destaque, nos comentários Saulo acusou: “Quem mandou ela andar a essa hora sozinha?”
Naquela mesma noite Flávio atravessou aquela mesma rua, ninguém o estuprou. 



Uma moça foi para uma festa da faculdade. Ela encontrou vários amigos. Riu, dançou, tomou umas cervejas. Se encostou num canto tranquilo da festa, cansada, meio bêbada. Um jovem a tocou nas partes íntimas. Ela no dia seguinte fez uma denúncia na Universidade, a notícia parou no jornal do campus. Na página do Face da Universidade, Paulo comentou: “Quem mandou encher a cara?”
Naquela mesma festa Caio bebeu até cair, ninguém o tocou.



Uma moça dividia a casa com a mãe, os irmãos e o padrasto. O padrasto a violentava todas as manhãs quando a mãe estava no trabalho. Um dia uma vizinha desconfiou e denunciou. A notícia foi parar no noticiário da televisão. No Twitter, Pedro opinou: “Ela deve ter provocado ele, putinha.”
Metade das vítimas de estupro no Brasil são crianças. 89% das vítimas de estupro são do sexo feminino.



Três moças foram passear na reserva ambiental da cidade num lindo domingo ensolarado. No mato três sujeitos as abordaram. Eles as estupraram e as espancaram quase até a morte. A notícia circulou rápido pela cidade, no boteco José argumentou: “Três vagabundas de shortinho no mato, elas pediram por isso”. 
Naquele mesmo domingo Ricardo, Bruno e Felipe passearam naquele mesmo parque. As fotos do lindo passeio estão no instagram de Bruno.



Uma moça terminou com o namorado. Ele a matou. Nas redes sociais, Maria comentou: “Coitado, era um apaixonado”




  • Quem mandou?
  • Ela pediu!
  • Vagabunda!
  • Putinha.

É para elas. É para mim. É para você! Qualquer mulher é culpada no incrível mundo que odeia as mulheres. 

Não compactue! Seja solidária com outras mulheres, crie uma rede de proteção entre as mulheres. Denuncie os crimes: de sangue e de opinião.


sábado, 25 de abril de 2015

Ciclovias da discórdia


Voltei há pouco de uma temporada na Europa. Fiquei numa adorável cidade no Norte da Itália. Uma das coisas que eu mais gostava de lá era usar a bicicleta. De fato a bicicleta era o principal meio de transporte de boa parte da população. Era um tal de famílias inteiras saindo para passear de bike, idosas com suas bicicletas com cestas cheias de compras, engravatados correndo ocupados, senhoras de salto alto e belos vestidos pedalando… enfim, todo mundo usava a bike. Dependendo de onde eu ia era até difícil arrumar um lugar para estacionar a minha magrela. 

Bom, vários fatores contribuem para a bicicleta ser tão usada naquela cidade. Primeiro é que a cidade é pequena, os deslocamentos eram curtos e podiam ser perfeitamente superados de bicicleta. Segundo que a cidade é bem plana, com poucas ladeiras é fácil pedalar sem suar todos os líquidos do corpo. Terceiro é que os carros circulavam numa velocidade relativamente baixa, mesmo nos trechos sem ciclovias não dava medo pedalar, tanto é verdade que, como eu disse, todo mundo usa bikes lá: idosos e crianças pedalam tranquilamente pelas ruas.

Voltei para Sampa. Estou sem carro no momento então estou totalmente dependente do transporte público: irregular, cheio de atrasos e lotadíssimo! Mas não é tão ruim. Estava animada com o meu retorno porque fiquei sabendo das ciclovias inauguradas na cidade. Pensei: Se tiver uma perto da minha casa posso até comprar uma bike, apesar da ladeira para chegar na estação de trem mais próxima eu posso ficar menos dependente do busão.
Ledo engano!
Vai encarar?

Nada de ciclovia aqui em Pirituba, pelo menos na região onde moro.

O ÚNICO ônibus que passa na minha rua continua sempre atrasado e com horário muito limitado. Por exemplo, ele não circula domingo. Domingo ninguém sai de casa, sabem como é… Para chegar no outro ponto de ônibus mais próximo eu demoro no mínimo 15 minutos andando, subindo uma ladeira. Eu ainda sou jovem, encaro a ladeirona. Mas é óbvio que as pessoas idosas que vivem no meu prédio não possuem o mesmo fôlego. Também não possuem fôlego para encarar a subidona de bicicleta. 

Drive or die!

Ótimo que o prefeito esteja investindo em ciclovias. É ótimo. Mas é ótimo para trechos mais curtos e planos. Encarar 2, 3 quilômetros subindo uma ladeira de bicicleta é difícil demais. 

Me parece ainda que o investimento mais urgente para Sampa é o transporte público de qualidade. 
Além dos ônibus, um excelente investimento é nos bondes urbanos. Na cidade onde eu vivia na Itália havia uma linha. Era rápido, confortável e regular. Imagino que instalar esse sistema custe muito menos do que abrir inaugurar novas estações de metrô.
Tram ou, abrasileirando, bonde 

Eu nem digo que esses bondes deveriam circular na Marginal Tietê, eles seriam uma excelente opção para os bairros. Poderiam circular nas ruas distantes de pontos de ônibus ligando essas regiões às estações de trem e metrô que já existem.

Nem a inauguração de novas ciclovias nem o investimento em mais ônibus eliminam a validade de pensarmos nos bondes urbanos como uma opção para melhorar os deslocamentos em São Paulo.

Pense nisso, Haddad!

Vou pensar, Verônica!

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Eu não sou Verônica!

Eu não sou Verônica! Eu jamais tentaria assassinar à pauladas uma idosa indefesa de 73 anos que estava em sua casa trabalhando, porque no Brasil idosas - mesmo brancas, mesmo heterossexuais - muitas vezes são pobres também e precisam trabalhar quando idealmente deveriam ter condições de aproveitar uma aposentadoria digna. 

“Ai! Você é a favor da violências policial!”

Bem, levando em consideração a violência no Brasil eu tenho lá minhas dúvidas sobre a possibilidade de existir uma polícia 100% pacífica que trabalhe resgatando gatinhos em árvores e dando informações para turistas perdidos. Mas não, não defendo violência policial indiscriminada, não defendo abuso de poder, não defendo que “bandido bom é bandido morto”. 

“Você não viu o que fizeram com ela na cadeia?”

Vi as fotos sim, preferiria não ter visto, mas vi. Eu vi, mas não sei o que aconteceu. Não sei exatamente o que houve para ela ficar naquele estado. Isso precisa ser investigado. 

“Ela foi vítima de transfobia!”

Você tem certeza disso? A violência nos cárceres no Brasil atinge praticamente toda a população carcerária. Eu vi a foto da Verônica. Mas já vi também fotos de cabeças de prisioneiros decepadas. Já vi fotos de corpos destroçados de prisioneiros. Já vi o choque entrar num presídio e executar mais de 100 pessoas. A violência brutal contra presidiários atinge todos que estão nas cadeias brasileiras. Será que a transfobia explica o que realmente aconteceu com Verônica? Eu não sei. E por isso retomo o que disse: precisa investigar.

“Reaça!”

Ah, ok. 

“RadFem transfóbica!”


Se você acha que devemos eleger de maneira precipitada uma mártir para efetivamente combatermos o preconceito contra a comunidade LGBT ok, pode me chamar de “RadFem transfóbica”. 

Veja aqui a versão da idosa agredida (fotos fortes!)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Ódio.com (Parte 2)

Decidi continuar a falar sobre o ódio que é extravasado na internet. Meu foco será em relação ao ódio contra as mulheres e as razões são simples. Pesquisas indicam que mulheres são as pessoas que mais sofrem ameaças no mundo virtual - não por acaso no mundo não-virtual são as maiores vítimas de crimes sexuais também. O fato é que avançamos bastante contra o racismo e a homofobia. Precisamos avançar mais, mas pelo menos projetos de leis que especificam o racismo e a homofobia como crimes ao menos foram pautados. Já sobre o machismo e a misoginia ainda há pouco, muito pouco. As mulheres ainda são pouco contempladas no que se refere à políticas públicas de combate ao preconceito mesmo sendo elas os principais alvos. 

Já os grandes meios de comunicação pouco colaboram. Crimes como o Massacre de Realengo - cuja principal motivação foi a misoginia - foram tratados superficialmente pela mídia. Praticamente nenhum grande jornal ou portal de notícia destacou o fato de que o atirador fazia parte de comunidades machistas e atirou para matar principalmente meninas. O atirador participava de fóruns e comunidades misóginas, ali recebeu estímulo para levar adiante seu plano infame e a tragédia aconteceu. 

O fato é que essas comunidades misóginas - conhecidas pelo termo "masculinistas"- se proliferam sob as vistas grossas das autoridades. Nessas comunidades o ódio e o estímulo à violência contra as mulheres são livremente pregados sem que os homens por trás dos perfils fakes sejam minimamente importunados pela polícia. A situação é grave. 

Mas ainda mais grave é perceber que não apenas nesses ambientes declaradamente misóginos o ódio contra as mulheres rola solto. Em grandes portais de notícias comentários machistas e misóginos chegam a ser a maioria em notícias que tratam da violência contra as mulheres. O caso mais recente é essa matéria da Folha de S. Paulo.

A matéria é uma das raras ocasiões em que o machismo e a misoginia são tratados de maneira minimamente séria por um grande veículo de comunicação. A matéria é boa, dá voz às mulheres que são alvos das ameaças e traz uma discussão sobre o assédio contra as mulheres na internet. Fui conferir os comentários e não me surpreendi. Sempre o mais do mesmo. 


Esse primeiro comentário insiste numa velha prática: colocar o feminismo como o contrário do machismo. Aqui a falácia é aplicada sob um outro espectro: colocar a misandria no mesmo patamar que a misoginia. A desonestidade do comentário é óbvia. Qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento sobre o feminismo sabe que:
1. Feminismo não é o contrário de machismo. Enquanto o feminismo luta pela igualdade de direitos o machismo é um sistema de opressão que perpetua a desigualdade entre homens e mulheres. 
2. Nenhum homem foi morto por ser homem, simplesmente o fato de ser homem não é fator estimulante para que um assassinato seja cometido. Por outro lado, mulheres são mortas todos os dias por serem mulheres.
3. Feministas não odeiam homens. O fato de feministas lutarem pelos direitos das mulheres não significa que elas odeiam os homens. Desde quando lutar por direitos de um grupo significa odiar outro grupo?


Esse segundo comentário é tão absurdo que chega a ser cômico. Posso retomar os argumentos que usei para o primeiro comentário. O fato de lutar pelo direito das mulheres não significa atingir os direitos dos homens e a luta não é motivada por "inveja" dos homens (ai, ai Freud...). A questão é simples: mulheres são atingidas cotidianamente pelo machismo e misoginia. Mulheres são assediadas nas ruas e na internet, são vítimas da violência doméstica, são tratadas como cidadãs de segunda categoria. Isso não é novidade. Num determinado momento um grupo de mulheres disse não! Um grupo de mulheres se rebelou e nasceu o feminismo (estou simplificando absurdamente a história, é só para ilustrar por enquanto). O feminismo é assim um movimento que luta contra a violência contra as mulheres e pelo direito das mulheres. Agora me respondam: qual é a relação disso com "inveja de homens"? 

Acho que já deu para ter um gosto de como essa série vai se desenvolver, certo? Aqui iremos destacar o ódio contra as mulheres que infesta a internet, infesta a internet porque é algo que infesta a própria sociedade. O método será:

  1. Verificarei notícias que falam sobre mulheres/feminismo e lerei os comentários destacando aqueles que expressam machismo e misoginia;
  2. Colocarei os prints e rebaterei os argumentos mais comuns usados pelos machistas/misóginos.
  3. Uma vez que os comentários são públicos não ocultarei a autoria das mensagens. 
Apertem os cintos! A viagem para as mentes sombrias de machistas e misóginos está apenas começando.


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Prefeito de São Paulo humilha Villa e Sheherazade

Tranquilão esperando suas perguntas


Entrevista matadora do prefeito de São Paulo na Jovem Pan! Haddad com muita tranquilidade demoliu os argumentos frágeis e sensacionalistas do “historiador” Marco Villa e da “jornalista” Rachel Sheherazade. Eu coloco jornalista e historiador entre aspas porque pessoas que conduzem entrevistas desse nível envergonham suas profissões. 

Posso falar de Villa com mais propriedade.

Uma/um historiadora/dor tem OBRIGAÇÃO de fazer análise de longo prazo e confrontar dados. Fazer análises baseado no que ele vê, sem analisar e comparar dados e conjunturas é um erro vergonhoso e tão grotesco que duvido seriamente da formação do senhor Villa. Ou deveria duvidar da honestidade dele? Porque um historiador que deliberadamente ignora dados para usar de sua autoridade a fim de promover uma ideologia é um criminoso. Essa história eu conheço, Villa também deveria conhecer. Poucas áreas do conhecimento foram tão torturadas como a história a fim de legitimar os maiores crimes. Triste ver que ainda há historiadores que se prestam à esse papel. 

Haddad, por sua vez, deu show. Conseguiu responder com muita segurança as perguntas, conhece os dados, conhece a cidade e mostrou que planeja as políticas que conduz. Evidentemente que Haddad não é e nem será popular nos bolsões de riqueza de São Paulo, habitat do que há de mais retrógrado e tacanho na sociedade brasileira contemporânea. Gente que não quer abrir mão de absolutamente nenhum conforto pelo bem comum. Gente que não sai de seus carrões, que nunca saiu de seus bairros ricos. A política de Haddad contempla uma população de periferia que foi sistematicamente negligenciada pelo poder público. Essa população não é de interesse da Jovem Pan, da Veja, do Estadão. Essa população é aquela que os nobres moradores de Higienópolis admitem apenas como limpadores da sujeira que produzem em suas coberturas, ao menor aceno para os direitos dessa população a elite raivosa ouvinte da Jovem Pan e leitora da Veja baba de ódio. 


Sem mais delongas, um link para a entrevista. É longa, mas vale cada minuto. Cada minuto que demole a canalhice de certas pessoas que dominam a mídia coorporativista.