sexta-feira, 29 de março de 2013

Você conhece o Pezão?

Não, ele não é a figura mitológica Pé Grande, embora o apelido tenha se originado pelo tamanho enorme do seu pé. Ele é o vice-governador do Estado do Rio de Janeiro que tem entre seus "feitos" (se é que podemos chamar assim) a reconstrução da Região Serrana que não aconteceu. Ele também é a figura que está no centro das campanhas eleitorais ilegais que o PMDB começou com vistas às próximas eleições para o governo do Estado do Rio. Esse é Pezão, que já começou com o Pezão esquerdo. 
Não sou eleitora do PSOL, mas admiro a atuação do Dep. Estadual Marcelo Freixo e acho que ele nos explicou muito bem sobre o Pezão.


segunda-feira, 25 de março de 2013

Vamos falar sério sobre sexualidade?


Eu acredito que as pessoas deveriam fazer um curso de formação antes de virarem pais. Sério, colocar uma criança no mundo não é pouca coisa, exige responsabilidade, estabilidade e maturidade. Um criança necessita de sólida formação, de uma boa educação, precisa de estrutura e tranqüilidade para crescer bem, saudável e se tornar um adulto equilibrado, sereno e decente. Pois eu tenho a imensa sorte de ser filha de um casal que me ofereceu exatamente isso, minha mãe e meu pai são pessoas incríveis, meus heróis! Cresci num lar cheio de amor, carinho e respeito. Nunca apanhei dos meus pais, nunca fui destratada por eles, mas recebi sim muita educação, aprendi a respeitá-los não por medo, mas por um verdadeiro sentimento de respeito e admiração por aquelas duas pessoas que me formaram e me deram o que de melhor tinham a oferecer. 

Meus pais sempre foram muito honestos e sinceros comigo e me explicaram sobre sexo quando eu comecei a ter curiosidade sobre o assunto. Uma das coisas que minha mãe sempre dizia é que o sexo não é algo ordinário e vulgar, o sexo deve ser um ato de união íntima entre duas pessoas maduras o suficiente para saberem o que estão fazendo, duas pessoas que nutrem um sentimento mútuo de afetividade, respeito e amor. Minha mãe me ensinou que o meu corpo é um como um templo e devo cuidar dele, meu corpo não é apenas um playground de satisfação hedonista, é a morada de minha consciência, da minha humanidade. Eu não devo submeter o meu corpo a nada que me escandalize, a nada que me cause repulsa ou ofenda a minha consciência, ou seja, minha mãe me ensinou que eu devo sim me dar ao respeito. 

Essa sólida educação moral me rendeu muitas brincadeiras na escola. Enquanto minhas amiguinhas de colégio usavam roupas provocantes aos 13 anos de idade eu me vestia de forma discreta e tinha horror à roupas curtas. Enquanto minhas amiguinhas rebolavam ao som de danças sensuais eu me recusava a me submeter àquele tipo de exposição. Minhas amigas começaram a paquerar os garotos da escola enquanto eu não me sentia preparada para aquilo, não era meu tempo. Vejam, minha mãe não precisou me proibir de fazer essas coisas, eu não fazia porque ela me passou um ensinamento moral muito consistente que fez muito sentido para mim e ainda faz, ela me ensinou algo profundo e relevante, e isso bastou para que eu achasse muito estranho que minhas colegas estivessem transando aos 14 anos de idade. Ganhei o apelido de "velha" das meninas da sala, mas isso realmente não me incomodava, eu estava segura das minhas escolhas e muito tranqüila. Eu simplesmente não achava que o meu corpo, a morada da minha consciência e humanidade, era algo para ser exposto aos olhares lascivos de terceiros. Ainda não acho, na verdade...

O fato é que como muitas crianças da minha geração eu também ouvi sobre sexo nas aulas de educação sexual da escola. Logo na primeira aula de educação sexual a professora falou sobre prevenção de gravidez e DSTs e nos mostrou uma camisinha. Foi isso, nenhuma reflexão profunda sobre o ato sexual, apenas algumas palavras sobre como praticá-lo sem terminar grávida ou doente. O sexo era algo que poderíamos fazer por fazer quando desse vontade, desde que usássemos a camisinha. Puxa vida, será que é tão simples assim? Eu não achava, mas meus colegas de sala que não tiveram a educação familiar que eu tive entenderam assim a mensagem. O resultado é que aos 14 anos eu ouvi colegas com a minha idade preocupadas com a menstruação atrasada pois tinham transado com seus respectivos namorados e depois das primeiras relações deixaram o preservativo de lado, vi colegas procurando informação sobre aborto… aos 14 anos! Não estou falando que a aula de educação sexual da escola provocou isso, mas sim que uma falta de reflexão sobre sexo colocou a saúde física e mental das minhas colegas em risco. Pois o problema não é só engravidar aos 14, o problema é que elas foram expostas ao perigo de doenças sexualmente transmissíveis que tem o enorme potencial de causar danos para toda a vida… e isso aos 14 anos! Pessoal, isso não é normal, há algo de muito errado acontecendo. 

A sexualidade já foi um tabu e isso tampouco era bacana. Sexo não deve ser um assunto proibido! Impulso sexual é algo que praticamente todo mundo tem e criar uma verdadeira mitologia proibitiva sobre isso não é lá muito inteligente. Todavia, na tentativa de superar o tabu sobre o sexo caímos no extremo oposto da liberalidade onde o sexo se tornou algo que não só se pode como deve ser feito sem maiores preocupações. Quando falo de preocupações, não me refiro à culpa necessariamente, mas à reflexão sobre o que o ato sexual representa nas nossas vidas. O que significa se envolver com outro ser humano num grau tão elevado de intimidade? Sexo tem a ver com relações humanas, e esse é o tipo de coisa que não é ordinária. 

A falta dessa reflexão mais profunda, o medo que temos hoje de falar que sexo não deve ser feito sem uma boa noção sobre seus significados nas nossas vidas, tem dado resultados desastrosos. Assustadoramente os jovens estão entre os grupos que mais crescem nas estatísticas de infecção pelo vírus HIV, a gravidez na adolescência é uma realidade muito tangível e casos de violência sexual envolvendo pessoas muito jovens, tanto entre as vítimas quanto entre os perpetradores, crescem a cada dia. Não raro vídeos de adolescentes mantendo relações sexuais, gravados pelos próprios, vão parar na internet expondo essa molecada de maneira irremediável. Meninos e meninas não pensam duas vezes antes de se exibirem para webcams onde no outro lado, não raro, estão aliciadores de menores. No Facebook a garotada compartilha imagens sensuais, música com conteúdo sexual explícito e ainda postam fotos onde dançam de maneira insinuante, todo esse conteúdo compartilhado na internet pode ser acessado por um número imenso de pessoas e não é difícil que um aliciador esteja no meio e coloque esses jovens em grave perigo.

Quando falamos sobre sexo com a molecada sem uma reflexão cuidadosa e sem passar à eles noções mais profundas sobre sexualidade não estamos ajudando nossos jovens a lidar bem com a sexualidade, estamos os colocando em sério risco. Pode me chamar de conservadora, mas eu não penso que uma pessoinha de 13, 14 anos, deve namorar e iniciar a vida sexual. Uma pessoa nessa idade não tem maturidade suficiente para administrar um relacionamento mais íntimo, não tem capacidade de pesar bem as conseqüências de seus atos. As relações sexuais causam sim impacto psicológico até quando não terminam muito mal com uma gravidez inesperada ou uma doença séria. Sexo envolve sentimentos também, sentimentos muito íntimos, e quando não se tem bem a noção disso o impacto psicológico desse tipo de relação pode ser muito, mas muito negativo mesmo. E isso não vale apenas para meninas! Meninos precisam ser igualmente educados e quando falo em educação me refiro a ensiná-los que a masculinidade deles não é medida pelo número de garotas que eles beijam, e que há algo mais importante do que a masculinidade: a humanidade. E humanidade é algo que se cultiva na maneira como nos relacionamos com o próximo, em todos os sentidos!

domingo, 24 de março de 2013

Militante é ameaçado por suposto policial a paisana

Um militante foi ameaçado de morte por um homem armado com uma pistola 9mm em frente à Alerj. A vítima protestava contra a desocupação da Aldeia Maracanã. Concorde ou não com as manifestações, mas é inaceitável que um cidadão que exercia seu direito de protestar tenha sido coagido dessa maneira.  Segue o relato da vítima e a foto que captou o momento exato em que a vítima era ameaçada pelo homem armado.


Uma ameaça de morte e mais negligência da polícia durante as manifestações de ontem em defesa da Aldeia Maracanã e do interesse público. Essa a mídia não tocou uma linha.

Relato de um manifestante presente na manifestação em frente a ALERJ, depois da desocupação da Aldeia Maracanã:

"Depois de tentar tirar das mãos da PM, e da Guarda Municipal um outro manifestante que estava sendo brutalmente agredido, um policial me acertou com o cassetete causando um corte profundo, mas a pior tensão ainda estava por vir, um cidadão trajando roupas a paisana (com certeza um P2 - VEJA NA FOTO) chegou perto de mim e proferiu essas palavras "Quer dizer que vocês agridem policiais...está preso!" e já sacando uma 9 mm, e dizendo..."Se você fizer alarde, vou te dar um tiro aqui mesmo!" rapidamente os manifestantes que estavam perto começaram a fazer alarde, juntando assim mais e mais, manifestantes frustrando assim a ação dele, depois que ele me soltou eu ainda fiquei um tempo ali com a cabeça sangrando, mas quando resolvi ir embora percebi que estava sendo seguido por ele, e mais dois indivíduos, rodei pelo centro da cidade durante 40 minutos para poder despistá-los e conseguir pegar o ônibus."









Coisas que devemos saber sobre a pornografia


Uma das artes da qual todos os seres humanos são bem treinados é a arte de se auto enganar. Todo mundo quer se sentir confortável e desculpar seus próprios erros, assim, colocamos a cabeça no travesseiro e temos um sonho leve de quem tem a consciência tranquila… fazemos isso o tempo inteiro, eu mesma já fiz. Quando eu era criança um dos meus dias favoritos era o de São Cosme e São Damião. Aguardava ansiosamente o fim das aulas para correr a tarde inteira atrás de guloseimas. Eu pegava tantos saquinhos de doces que nunca conseguia comer tudo e minha mãe sempre jogava um monte de doces no lixo depois de alguns dias. A verdade é que o mais legal não era comer os doces, e sim correr atrás deles com outras crianças e depois mostrar orgulhosamente para os coleguinhas quantos saquinhos foram conquistados. Pois então, minha tia também costumava distribuir doces para a molecada da rua, eu adorava ajudá-la a preparar os saquinhos, me divertia muito também na hora de distribuí-los. Numa dessas tardes, depois de ter corrido muito pelas ruas do bairro coletando meus troféus açucarados, eu fui para a casa da minha tia para ajudá-la a distribuir doces. Como de praxe muitas crianças vieram e em poucos minutos os saquinhos acabaram, depois que a confusão passou um menino da rua, que era deficiente físico e ainda tinha problemas mentais, veio perguntar se tinha sobrado algo. Eu disse que não e minha tia, que estava ao meu lado, me falou que eu tinha conseguido muitos doces e poderia dar um saquinho para o menino. Minha resposta foi não… pois é, eu não quis dar nenhum saco de doce para o menino mesmo sabendo que não conseguiria comer a metade dos que eu tinha conseguido e que ele com certeza não tinha ganhado nenhum saquinho já que não podia correr de um lado para o outro atrás deles. Meu ato foi de um tremendo egoísmo, a noite, antes de dormir, lembrei da cena do menino indo embora frustrado, lembrei dos montes de doces que eu tinha conseguido e da minha mesquinharia. Ai bateu a culpa, a terrível culpa e até hoje eu a estou remoendo. Nunca esqueci disso e ainda me sinto terrivelmente mal quando lembro do que eu fiz. Eu tenho outros arrependimentos, fiz muitas coisas das quais não me orgulho e não me escondo por trás da desculpinha hipócrita das pessoas que dizem que não se arrependem de nada. Eu me arrependo sim e de um monte de coisas, mas essa, em especial, me deixa mais incomodada pois eu era uma criança, uma pessoinha em formação que já tinha muitos dos vícios comuns aos adultos: egoísmo, ambição e um desejo imenso de me satisfazer a qualquer custo sem ter empatia por um semelhante. O meu prazer de mostrar a todos as minhas proezas de coletar uma quantidade imensa de guloseimas passou por cima da solidariedade por um coleguinha que não podia fazer o mesmo, minha satisfação de comer um monte de porcarias super açucaradas me impediu de ver que um saquinho não me faria falta, mas poderia fazer o dia daquele menininho mais feliz. 

Acho que esse triste episódio da minha infância pode servir de analogia para o que quero dizer sobre a indústria pornô. Todos os dias milhões de pessoas consomem pornografia, se deleitam com cenas de sexo para todos os gostos e gastam rios de dinheiro para se satisfazerem sexualmente. Essas pessoas não devem pensar muito sobre as outras pessoas, aquelas que estão no outro lado do monitor fingindo prazer sexual com a cara toda suja de esperma. Os consumidores de pornografia não devem ter conhecimento da degradação por trás daquilo, talvez não saibam que uma dupla penetração anal deve ser um treco absurdamente doloroso, que ficar horas sendo penetrada deve doer miseravelmente e que aquelas mulheres que gemem para as câmeras não raro estão entorpecidas por drogas de todos os tipos para poder suportar as humilhações, os xingamentos, as cusparadas e o desprezo de diretores, produtores e atores que as enxergam como um pedaço de carne cujo o único fim é encher os bolsos deles de dinheiro. Dizer isso não é moralismo, é apenas uma forma d expressar um lado da indústria pornográfica que muita gente convenientemente ignora, pois uma masturbação parece vale mais do que a dignidade humana. Talvez esses consumidores até pensem ocasionalmente sobre essas coisas, mas sempre há uma forma de fugir da culpa, sempre há meios de se enganar: "elas estão ali porque querem", "elas escolheram", "muitas devem gostar". É mesmo? 

Deixa eu te contar um segredo. Muitas jovens mulheres são seduzidas para a indústria pornô com promessas de fama e riqueza, e sejamos sinceros, quem não fica seduzido com a fama e a riqueza? Especialmente quando somos jovens… pois é, moças de 18 anos, ainda no início da vida e imaturas as vezes caem na armadilha e depois que você está nela é difícil escapar, principalmente na era da internet na qual filmes circulam na velocidade de um raio e ficam na rede para sempre a revelia de nossas vontades. Então suponha que uma jovem caia na besteira de entrar nesse mundo e logo depois se arrependa, como sair disso? Como impedir que o filme feito rode o planeta e possa ser visualizado a qualquer momento, por qualquer um. Depois do primeiro filme elas ficam marcadas para sempre. Depois do primeiro filme, como arrumar um outro emprego? Como apagar as conseqüências de um ato realizado durante uma época da vida onde se é mais frágil e se faz mais tolices como a juventude? Uma escorregada, um erro desses, tem um imenso potencial de destruir uma vida para sempre. Será que você, quando acessa um site de pornografia, pensa nisso? Pensa que aquela moça sensual talvez esteja num beco sem saída? Estou dando um exemplo, muitas outras razões, poucas boas, levam pessoas a entrar na pornografia: um histórico de abuso sexual, graves problemas financeiros, algum tipo de dependência química, etc…

Eu não sou santinha e já acessei sim pornografia, nunca fui muito fã, eu prefiro algo mais insinuado, uma cena de amor bem feita num filme, e não faço questão de nudez, é muito mais excitante para mim do que um treco explícito. Mas isso é meu gosto esse não é o tema aqui. O que importa é que eu já vi pornografia e um filme em particular me deixou tão horrorizada que me fez procurar informações sobre a indústria pornô. O tal do filme era uma espécie de vídeo cassetada pornográfica, alguns erros de filmagem e tal. O que eu vi? Mulheres chorando de dor enquanto homens riam, mulheres enjoadas e machucadas sendo destratadas por não suportarem mais uma cena, eu vi tortura e estupro, foi isso o que eu vi, e não achei graça nenhuma. Não agüentei ir até o final. Mas embora esse filme tenha me causado um tremendo mal-estar, eu, egoísta que sou, ainda acessei um site de vídeos pornôs na internet. Foi o tal do XVideos. Esse site tem filmes para todos os gostos, mas o que me chamou a atenção é a publicidade nas laterais do site. Gente, tem publicidade que insinua PEDOFILIA, isso mesmo, só um tremendo imbecil não perceberia isso. Sério, como milhões de pessoas em todo mundo entram num site - e, portanto, geram lucros para esse site - que vende espaço para esse tipo de publicidade? Sem rodeios, VOCÊ DEVE SER UM IGNORANTE MORAL por continuar acessando uma porcaria dessas. Deixa eu ser mais direta: quando você entra nesse site você está sendo conivente com isso. Eu nem vou entrar no mérito dos filmes com menores de idade que têm no site e já foi alvo de investigação pelas autoridades brasileiras que quase proibiram o acesso ao Xvideos no Brasil, eu estou falando da publicidade do próprio site, e é impossível que os administradores não sejam responsáveis pelo espaço publicitário que vendem. Eles sabem sim, e estão pouco se importando, assim como as pessoas que continuam a entrar naquele site. Será que as pessoas que acessam o site e dão lucro para seus donos não pensam no aterrador número de crianças que são brutalmente violentadas no esgoto da espécie humana onde pedófilos atuam destruindo vidas que devem ser protegidas? Provavelmente não… e essas pessoas também não pensam nas pessoas que são destruídas pela indústria pornô, não pensam que aquelas cenas muitas vezes são realizadas com enorme bestialidade e degradam outros seres humanos que deveriam despertar nossa compaixão, não desprezo. 

Você pode continuar a se enganar, pode pensar "ah, não é bem assim…". Você pode continuar procurando desculpas, pode continuar pensando que não prejudica ninguém quando passa um tempinho curtindo pornografia. Desculpe te informar, mas você está sim prejudicando muita gente quando financia essas coisas. Pare um momento para refletir sobre o que está lendo, busque informações sobre a indústria pornô, tenha consciência do que você está fazendo. O seu prazer realmente vale o preço que cobra para outras vidas? Você realmente quer continuar a se satisfazer em cima da miséria e destruição de outras pessoas?

Tá, você pode até alegar que algumas pessoas entram na indústria pornô porque realmente desejam e até gostam do que fazem. Não duvido que essas pessoas existam, mas você consegue identificar essa gente? Você consegue ter certeza sobre as atrizes que estão ali porque gostam e as atrizes que estão ali porque não tem para onde ir? Sejamos sinceros, por favor...

Se informe:


A polêmica entrevista de Belladonna (em inglês):


Depois dessa entrevista, Belladonna negou muitas coisas que disse e alegou que a entrevista foi editada para parecer que ela era infeliz. Depois de ver essa entrevista é difícil acreditar nela e o que fica é a sensação de que ela foi pressionada pelos chefões da indústria para negar as coisas que disse, muitas vezes chorando. Veja e tire suas próprias conclusões. 

sábado, 23 de março de 2013

O caso Carolina Silva Lee e a triste história da impunidade


Foram condenados a 33 anos e cinco meses de prisão os três assassinos da jovem Carolina Silva Lee, que aos 15 anos foi morta perto da própria casa por causa de uma mochila. Os três assassinos, Marcos Vinícios Correia Gomes, Alex Rodrigues Venancio e Claudinei Avelino Modesto já tinham passagem pela Fundação Casa por crimes cometidos quando eram menores de idade. Cumpriram o que adolescentes infratores cumprem, no máximo dois anos de reclusão e a garantia de terem a ficha limpa aos 18 anos. Não importa o crime, essa é a punição para menores que roubam, estupram ou matam. 

Essa história é bem conhecida. A maioria dos crimes é da responsabilidade de bandidos que já tiveram passagem pela polícia, já foram encarcerados, mas saíram graças ao nosso sistema penal benevolente e voltaram a cometer crimes e a tirar a vida de pessoas inocentes. Quantas Carolinas, Gabrielas e Felipes ainda precisarão morrer para que nós tomemos uma atitude? Eu digo nós, pois essa não é só uma responsabilidade do Poder Público que já deu provas infinitas de que é formado por incompetentes corruptos, incompetentes corruptos eleitos por nós. Somos nós, cidadãs e cidadãos, que precisamos assumir a ponta nessa luta contra a criminalidade do Brasil. E essa luta começa com uma revisão profunda do Código Penal que precisa ser mais rigoroso contra criminosos, independente da idade deles! Mas essa revisão do nosso Código Penal só será possível com uma mudança na Constituição, mudança esta que não se fará com novos projetos de leis, e sim com uma nova Constituinte que retire a cláusula que impede penas de caráter perpétuo no Brasil. Sim, é sobre isso mesmo que estou falando, precisamos instituir penas que retirem definitivamente de circulação criminosos de alta periculosidade que saem as ruas apenas para cometer novos crimes e acabar com as vidas de famílias inocentes que jamais se reestruturam depois da perda brutal de seus entes queridos. 

Os assassinos de Carolina Lee jamais deveriam ter saído da cadeia, e saíram mesmo assim com a anuência do Estado, saíram e tiraram a vida de uma jovem. Não foram apenas Alex, Marcos Vinícios e Claudinei que mataram Carolina naquela noite, nossas leis estúpidas mataram Carolina, nosso Estado incompetente matou Carolina, nossa passividade, nossa omissão, também mataram Carolina. Tomando emprestada a metáfora de Castro Alves, não deixemos que nossa bandeira sirva de mortalha para inocentes! 

Informe-se! Vamos juntos trabalhar por um país melhor!

"Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!…" 
Castro Alves. Navio Negreiro

sexta-feira, 22 de março de 2013

A velha ladainha


Isso te lembra alguma coisa? Tipo, Região Serrana, Sérgio Cabral...

Rádio Táxi em São Paulo sem taxas


As empresas de radiotáxi são autorizadas a cobrar três tipos de taxa além do custo da corrida. 

1. Taxa de chamada - que corresponde ao preço de uma bandeira
2. Taxa de agendamento - que deve custar no máximo R$8,20
3. Taxa de bagagem - que deve custar no máximo R$2,50 

Se o taxista cobrar mais do que esse teto, faça a denúncia para o Departamento de Transporte Público pelos telefones: 2692-3302, 2692-4094 ou 2691-5416. Informe ao departamento o número da placa do veículo ou o nome da cooperativa. 

Mas você pode fazer melhor e procurar cooperativas que não cobram por esses serviços. Além de te ajudar a economizar um bom dinheirinho ainda dá um estímulo para que as cooperativas que cobram pelo serviço mudem de tática. Ora, já pagamos caro demais pelas corridas em São Paulo, pagar mais essas taxas é demais. 

Então anote ai o número de algumas cooperativas da cidade de São Paulo que NÃO COBRAM taxas extras:

Apolo Rádio Táxi - (11)2914-8244
Taxpress - (11)5071-6560
Atasp Rádio Táxi - (11)2501-9950
Estilo Rádio Táxi - (11)3299-6599

E não se esqueça! Vai beber? Então faça como a Angélica e vá de táxi, ou como a Angenilza e vá de ônibus, metrô e trem. Só não faça como o deputado estadual de Curitiba, o senhor Fernando Carli Filho (PSB)

quarta-feira, 20 de março de 2013

Em defesa do Papa - Parte I


Muitas coisas motivaram esse post, umas delas foi o excelente livro "En defensa del Papa" do Paolo Rodari e do Andrea Tornielli que estou lendo, ainda não terminei e é justamente por isso que essa é a parte I do post, na parte II pretendo publicar uma resenha do livro que não sei se está disponível em língua portuguesa, provavelmente não já que nosso mercado editorial é uma porcaria. A minha edição em língua espanhola eu comprei em Madri, mas já vi que está disponível no site da Amazon. Então eu sugiro que os interessados pelos eventos que redundaram na abdicação do agora Papa Emérito Bento XVI não percam tempo e comprem o livro! 

Bom, como eu já disse, são diversas as razões que me motivam a escrever, é difícil explicar cada uma delas, então vou falar de uma outra que está entre as principais: trata-se da enorme injustiça que a Igreja Católica Apostólica Romana tem enfrentado no mundo Ocidental. Ok, antes de continuar, deixa eu dizer que a Igreja Católica já cometeu injustiças, mas é preciso analisá-las sob uma perspectiva histórica, colocá-las nos diversos contextos que a Igreja já vivenciou ao longo de séculos e séculos. Mesmo reconhecendo essas injustiças, a mensagem principal da Igreja é uma mensagem de amor, compaixão e caridade, esse lado bonito e moralmente impecável é ignorado totalmente pelos críticos da Igreja. Esse críticos preferem dar uma maior repercussão para os lamentáveis casos de padres que cometeram abusos sexuais, que são minoria no enorme clero da Igreja, do que para os institutos de caridade mantidos pela Igreja ao redor do mundo, dizem que a Igreja é uma instituição que prega a ignorância, mas jamais falam da grande quantidade de pesquisas científicas que a Igreja apóia, das universidades e institutos de pesquisa mantidos pela Igreja, da digitalização e disponibilização gratuita no site do Vaticano de manuscritos antiquíssimos presentes na rica e variada biblioteca da Santa Sé. Não, os críticos não falam das boas iniciativas, preferem falar apenas de casos isolados, como se estes casos dissessem tudo sobre a Igreja Católica. Não dizem. Mesmo assim, os críticos continuam e ganham cada vez mais audiência pois hoje é muito popular ser anti-Igreja. Quer brilhar numa roda de descolados? Fale mal da Igreja, acuse-a de ser a causa de todos os males do mundo, e, claro, apregoe que o islão é uma religião de paz mesmo que em países como o Iran pessoas sejam enforcadas em praça pública por serem homossexuais e mulheres sejam condenadas à morte por apedrejamento. O islão é uma religião de paz, os malvadões são os católicos que acreditam no Cristo que nos ensinou a amar o próximo como nos amamos, que ensinou que aquele que não tem pecado pode atirar a primeira pedra e que quando alguém nos bate numa face devemos oferecer a outra. Os que acreditam no Cristo é que são maus, os bons são os crentes em Maomé, aquele mesmo que trucidou tribos inteiras.  

Como se tudo isso não bastasse, outra coisa que virou bastante popular é espalhar acusações mentirosas e, portanto, sem nenhuma prova, contra os Papas da Igreja. O Papa Emérito foi acusado de ser nazista nas redes sociais com uma imagem que foi muito famosa onde ele aparece, quando muito jovem, vestido com o uniforme da juventude hitlerista. Claro que os boçais que compartilharam a imagem não se indignaram a fazer uma rápida pesquisa no google e portanto não ficaram sabendo que TODOS OS JOVENS alemães eram obrigados a fazer parte da juventude hitlerista, não ficaram sabendo que o jovem Joseph Ratzinger foi perseguido por ser seminarista, que um primo dele foi morto pela política eugenista do nazismo e que ele chegou a ser preso e levado para um campo de trabalhos forçados e que desertou do exército. Joseph Ratzinger JAMAIS foi simpático ao nazismo, ele foi uma VÍTIMA do nazismo. É muito provável que ele tenha tido notícias dessa acusação infame e não posso imaginar a terrível angústia que deve ter sentido ao ser acusado de ter sido simpático à um regime que o fez passar por terríveis provações. Essa foi só uma das muitas mentiras que espalharam sobre Bento XVI, mentiras que foram livremente divulgadas, pois hoje é aceitável detratar a Igreja Católica e o absurdo não fica restrito às redes sociais, grandes veículos noticiosos de todo o mundo fazem isso impunemente. E a Igreja apenas se defende, age como deve agir, pois ela é mansa e perdoa mesmo que seus acusadores sejam brutais e jamais a perdoem. 

Pois agora os católicos têm um novo Papa, o primeiro vindo da América Latina e o primeiro que escolheu o nome Francisco em referência à São Francisco de Assis, o pobre de Deus, e assim já explicitou como será o seu período no Trono de Pedro: dedicado aos pobres. O Papa Francisco já deu muitos sinais de ser um homem humilde e simples. Pediu a benção dos fiéis e humildemente se inclinou para recebê-la, seu anel é de prata, pagou a conta do hotel onde estava hospedado, e, quando bispo, não raro ia de ônibus para a Sé de Buenos Aires. Um homem do povo que certamente fará um belíssimo pontificado. 



Mas infelizmente as acusações mentirosas não tardaram a aparecer e assim que anunciaram o novo Papa vimos pulular pela rede insinuações maldosas de que ele colaborou com a ditadura argentina. Óbvio que nenhum detrator mostrou nenhuma prova que incrimine o novo Papa, apenas espalham achismos, fazem malabarismos retóricos desonestos e querem transformar suas opiniões em fatos. Essas mentiras são divulgadas amplamente nos veículos noticiosos, mas quantos artigos lemos com o outro lado? Quantos jornais publicam a fala do argentino Pérez Esquivel, vencedor do Nobel da Paz, onde ele afirma que Bergoglio, agora o Papa Francisco, NÃO COLABOROU COM A DITADURA? Seriam os acusadores ignorantes ou desonestos a ponto de acreditar e divulgar uma sandice dessas sem levar em conta que os Cardeais reunidos no conclave jamais elevariam ao sumo pontificado um homem que poderia ter tido relação com a ditadura justamente numa época delicada para a Igreja?

Mas os modernetes não se incomodam, não se sentem mal ao divulgar mentiras contra a Igreja pois prezam mais pelo status que ser anti-Igreja traz do que pela honestidade, sinceridade e responsabilidade. Para eles não vale a máxima de que não se deve levantar acusação sem provas quando se trata da Igreja Católica. 

segunda-feira, 18 de março de 2013

Redes Sociais e Educação


Quando algo têm uma adesão massiva e desfruta de grande popularidade é comum que surjam as vozes discordantes e blasés para dizer que esse algo é ruim, estúpido e para os ignorantes. São aqueles pessoas que acham que as coisas boas são para poucos, inclusive são capazes de mudar de gosto: não raro deixam de gostar de alguma coisa quando ela ganha popularidade. Isso é muito claro no caso do Facebook. Quando o Orkut se popularizou e ganhou milhões de usuários brasileiros, os cults imediatamente começaram a detratar a rede social das massas e aderiram ao Facebook que até então tinha poucos usuários brasileiros. Assim que o Facebook ganhou popularidade e o Orkut foi deixado às traças pelos nossos compatriotas, os blasés imediatamente começaram a falar mal da nova rede social do momento e a compartilhar a frase "contra a orkutização do Facebook". 

É o típico menosprezo de quem artificialmente molda seus gostos conforme o status que outorgam. É mais cool gostar do Godard e do Lynch do que do Spielberg ou Ang Lee, não que você realmente entenda Godard e Lynch [alguém entende?], mas você quer mostrar para todo mundo que você curte uma arte fina e para raros gostos… bom, para dizer a verdade, eu acho que a maioria das pessoas que dizem gostar de Godard e Lynch não gostam de Godard e Lynch de verdade… eu particularmente acho um saco! O fato é que para se dizer um entendedor da cultura é preciso fazer a distinção básica entre o que é feito para entreter e o que é feito para divertir refletir. Quando eu quero me divertir não penso duas vezes e escolho Spielberg [exceto a Lista de Schindler, claro!], quando eu quero refletir vou de Bergman. Só para acrescentar, é por isso que eu acompanho a crítica de cinema feita pela Isabela Boscov, eu penso que ela é uma excelente crítica de cinema justamente por diferenciar bem filmes de entretenimento de filmes mais profundos e se esforça para fazer uma crítica que leve em consideração as propostas. Foi só uma notinha :)

Mas voltando às redes sociais. Uma coisa interessante nesse novo fenômeno das comunicações e relações humanas é que as redes sociais ainda não tem uma definição clara do que se prestam a fazer, e eu tenho a sensação de que isso diz bastante sobre o Facebook, mais do que sobre o Orkut. Por exemplo, em geral você sabe o que vai encontrar num site de jornais, você vai encontrar notícias, óbvio. Num blog sobre política você vai encontrar artigos sobre política. Aqui no observatório Rio-Sampa você vai encontrar lampejos da minha mente desorganizada. Ou seja, com a exceção de páginas como o observatório, outros espaços da internet têm uma orientação mais objetiva. Mas isso não vale para o Facebook.

O seu Facebook terá as características que você determinar. Na sua linha do tempo você vai encontrar as atualizações dos seus amigos e das páginas que você curte, enfim, a orientação geral das postagens que você vai ler depende de você. Olhando a rede social como um todo, o que temos então é um complexo universo de individualidades, não algo orientado para uma determinada coisa ou assunto. Isso dá um tilt nas cabecinhas mais limitadas e tradicionalistas que se acham bem moderninhas. Essa gente em tilt adora postar críticas ao Facebook… no Facebook, é claro, pois é importante que muita gente saiba que você despreza o Facebook e as postagens bobas das pessoas que… você segue. Entendeu? Se você só vê bobagem na sua linha do tempo é porque você tem entre seus "amigos" pessoas que só postam bobagens e também porque você curte páginas bocós! Eureca, seu Facebook é uma droga por sua culpa, sua máxima culpa.  

Eu particularmente gosto muito do Facebook, acho que ele é um universo de grandes possibilidades, pois assim eu tento mantê-lo. Quando uma pessoa começa a postar só bobeiras e coisas que não me despertam o mínimo interesse eu realizo a simples ação de excluí-la da minha lista, sem alarde, sem reclamações. Eu não sou colecionadora de amigos virtuais, eu mantenho na minha lista pessoas que eu considero interessantes e, de preferência, que eu conheça pessoalmente e tenha alguma relação além da rede social. Também sigo páginas que me interessam, se deixam de ser legais para meu gosto "descurto" na boa. O resultado disso é que o Facebook é para mim algo que vai além de uma ferramenta para manter contatos, é também um meio de aprendizagem. As pessoas interessantes que eu tenho na minha lista sempre postam artigos bacanas, opiniões espertas ou coisas engraçadas que agradam meu senso de humor. 

Já aprendi um monte de coisas novas por causa de postagens de amigos no Facebook, já aprofundei alguns assuntos por conta de artigos compartilhados, já mudei de opinião sobre determinados temas por causa de longos e calorosos debates que já travei na minha linha do tempo ou na de terceiros, já conheci filmes, documentários e músicas graças aos compartilhamentos dos meus amigos e, não menos importante, já marquei umas saídas para botecos e baladas pela rede social que muitos amam odiar. 

O Facebook pode ter um ótimo uso, mas dependo do que você faz com ele! E para ilustrar, aí vai um documentário super bacana sobre a rede social do momento:


sábado, 16 de março de 2013

A responsabilidade é de todos nós


Na minha última visita à minha cidade natal, o Rio de Janeiro, cheguei em um dia inglório. Uma chuva torrencial havia atingido a cidade e alagado ruas e bairros inteiros. Era o retrato do caos. A Praça da Bandeira foi fechada, algumas estações de metrô foram fechadas e carros boiavam no rio fétido que brotava dos bueiros. Na rodoviária uma fila imensa de pessoas esperava os táxis que não circulavam por conta da impossibilidade de guiar os carros no meio dos alagamentos e por causa do monstruoso engarrafamento que parou a cidade, especialmente na importante Avenida Brasil. 
Por uns minutos vaguei desolada pela rodoviária pensando em como poderia passar o tempo até ser possível chegar à minha casa carioca, sai para fumar um cigarrinho e vi um ônibus que ia para Central do Brasil. Não pensei duas vezes e corri para o coletivo. Da Rodoviária Novo Rio até a Central levamos mais de uma hora e nesse longuíssimo tempo ouvi o motorista e uma passageira reclamarem sobre aquela situação. "A culpa é do…" "o governo não…" "é um absurdo que…" enquanto a ladainha se desenrolava eu pensava: e não temos também nossa parcela de culpa?

Ok, eu sei que o poder público no Brasil é falho e medidas paliativas e eleitoreiras disfarçam momentaneamente problemas crônicos, mas não podemos esperar que o governo resolva tudo por nós. Precisamos assumir nossa responsabilidade enquanto cidadãos. 
Quando jogamos lixo nas ruas não pensamos que aquele inocente papel de bala ou latinha de refrigerante pode rolar para um bueiro e entupir o dito cujo impedindo que as águas das chuvas escoem para as galerias subterrâneas. Quando não cuidamos das nossas ruas, limpando os bueiros ocasionalmente e mantendo as calçadas limpas e sem buracos, damos uma forcinha para que as águas de março que fecham o Verão corram livremente pelas ruas e ainda ocultem obstáculos para pedestres desavisados que podem meter o pé no buraco negligenciado de nossas calçadas e se ferirem gravemente. Quando jogamos lixo nos córregos contribuímos para que eles encham e levem consigo casas, pessoas e sonhos. E sinceramente, não há poder público que dê conta da [des]educação de nossa população. A prefeitura manda limpar e poucas horas depois vem um espírito de porco e emporcalha tudo novamente! Minha gente, nossos governantes são panacas, mas não são onipresentes e onipotentes. É preciso que a população aprenda definitivamente que cada um deve ser responsável pela manutenção das nossas ruas e bairros, nem vou falar em cidade pois é abstrato demais para os ignorantes, vamos ficar no espaço das vizinhanças mesmo. Como um dito cujo é capaz de emporcalhar o próprio lugar onde vive? Sério, você até pode manter sua casa linda e limpa, mas do que adianta se joga porcaria na rua? Porcaria que entope os bueiros, causa enchentes que levam esgoto para dentro das casas? 
Então vamos parar de culpar apenas os políticos, vamos colocar a mão na consciência e assumir nossa parcela de culpa no caos que se instaura nas grandes metrópoles quando a chuva cai sem piedade. Vamos cuidar do nosso habitat! Não jogue lixo nas ruas, recolha lixo das ruas quando puder, explique para seus familiares, vizinhos e amigos a importância de manter os bueiros e córregos limpos, ande sempre com um saquinho de lixo na bolsa e no carro e coloque seu lixo ali para depois ser depositado nos lugares adequados e, mais importante, não dê desculpas para si! Tenha certeza que você, eu, todos nós, somos responsáveis pelo cuidado dos lugares onde vivemos!

quinta-feira, 14 de março de 2013

Reality Show e a Banalidade do Mal


Acho que já passamos da hora de abandonar as leituras moralistas a respeito do que é produzido pela indústria cultural, ou a crítica não apenas será conservadora como permanecerá inócua. As infindas polêmicas a respeito da baixa qualidade estética dos programas e de seu desprezo completo por qualquer coisa que seja minimamente digna estão pressupostas pelo show antes mesmo que possamos esboçar o primeiro grito indignado de “baixaria!”. Uma forma mais sofisticada de rejeição moralista dos reality shows é a alegação de que tanto aqueles que participam quanto aqueles que os acompanham o fazem em razão de alguma forma de perversão: sadismo, masoquismo, exibicionismo, voyeurismo... Desse modo, a crítica perde de vista a dimensão propriamente social do fenômeno; perde de vista uma forma de dominação que é estrutural – além, é claro, de recolocar o já antigo rebaixamento da “massa” em contraposição à “elite cultural”.
Ao contrário do que os próprios programas se esmeram em provar, os participantes são pessoas comuns e, mais importante, agem da forma que agem (machucando-se uns aos outros e se martirizando a si mesmos) como se cumprissem funções ordinárias. A isso Hannah Arendt chamou “banalidade do mal”: eles não praticam o mal levados por motivações políticas, religiosas, estéticas ou por prazer; pelo contrário, as provas, absurdas e desagradáveis, assim são descritas por eles e assim são vivenciadas, como a profusão de lágrimas sublinha a cada episódio. O mal é encarado como um mal necessário ou, como afirmou certa vez um ex-participante: ser filha da puta é parte do contrato; deve-se cumpri-lo. O mal é assimilado como parte de um trabalho, uma função como outra qualquer, cujos efeitos colaterais – em especial a dor de fazer mal aos outros – são minimizados mediante a própria justificativa: “Só estou cumprindo minha tarefa”. Nos patamares acima do chão de fábrica, a lógica não é tão diferente, apesar de a justificativa ser, a cada degrau, mais indecente – o apresentador de A fazenda disse, em entrevista a um programa de sua própria emissora, que chorava todos os dias em casa, quando findo seu expediente. Já as diversas empresas realizadoras de reality shows têm por finalidade única a geração de lucro − tudo mais é meio para sua realização. Esse seria, talvez, o único nível em que se pode dizer que há perversão pura: como um sistema que busca aniquilar toda a materialidade, e por ela tem total indiferença, tendo em vista tão somente sua autorrealização, o capitalismo é perverso. (Silvia Viana em entrevista para o Le Monde Diplomatique. Íntegra disponível aqui)

terça-feira, 12 de março de 2013

Por que um Estado Laico é importante?


A escolha do Pr. Marco Feliciano para assumir a presidência da Comissão dos Direitos Humanos na câmara reavivou um velho debate que é permeado por entendimentos equivocados sobre o Estado Laico. E quando falo de entendimentos equivocados não me refiro apenas aos que são a favor das idéias do Pr. Feliciano, mas também àqueles que são contra. O debate é extremamente polarizado, disso sabemos, mas nunca é demais falar sobre isso pela importância do tema. 

Então vamos começar pelo mais difícil. As pessoas que criticam a eleição de Feliciano por vezes não desenvolvem bem seus argumentos de maneira que soam como pessoas que são unicamente contrárias às religiões. Não duvido que exista gente assim entre esse grupo e esse fato não é incompreensível. Um desconhecimento sobre o papel das religiões na sociedade, ou a mais pura arrogância de acreditar que a fé é sinônimo de ignorância, pode desembocar efetivamente em uma repulsa às religiões. Eu prezo pelo benefício da dúvida e prefiro partir do pressuposto que essas pessoas são minoria na oposição ao nome do Feliciano na Comissão de Direitos Humanos (CDH). O que é importante destacar aqui é que defender o Estado Laico não significa lutar contra as religiões. E nesse ponto podemos partir para o segundo grupo, a saber, as pessoas que são partidárias de Feliciano e acreditam que o Estado Laico é sinônimo de uma Estado anti-religioso. Para essas pessoas eu gostaria de informar que esse não é o significado do princípio da laicidade de Estado!

Talvez o grande problema nessa discussão seja um desconhecimento da importância da laicidade do Estado em ambos os lados do debate. 

Um Estado Laico, como eu já afirmei, não significa um Estado anti-religioso, mas sim um Estado que não professa uma religião oficial. Ok, mas por quais motivos isso é importante? Vamos lá. Imaginem vocês que o Brasil fosse oficialmente um país católico hoje, como um dia já foi. Isso significaria que todas as políticas do Estado deveriam estar de acordo com a doutrina da Igreja Católica, mesmo que essa doutrina não seja aceita por algumas pessoas, como protestantes, por exemplo. Nesse caso, o sistema educacional estaria oficialmente apto a ensinar apenas o catolicismo para as crianças, imagens de santos poderiam estar espalhadas pelos prédios públicos, como um tribunal ou o congresso nacional. A Igreja Católica seria privilegiada pelas políticas públicas e apenas católicos poderiam professar sua fé livremente em cultos públicos. Nesse cenário, protestantes, umbandistas, budistas, espíritas e assim por diante seriam alijados da plena liberdade religiosa. O mesmo aconteceria se o Brasil fosse um país oficialmente batista, por exemplo, nesse caso, não só católicos teriam seus direitos desrespeitados, mas também denominações protestantes que não concordam com tudo o que os batistas acreditam, o mesmo sofreria umbandistas, espíritas, budistas e todas as outras pessoas que professassem uma religião diferente da religião oficial. 

Um Estado Laico, a saber, um Estado sem uma religião oficial, tem a obrigação de proteger todos os cidadão, independente da religião que sigam, ainda, um Estado Laico, como o brasileiro, garante na constituição que todas as pessoas têm liberdade religiosa, ou seja, podem seguir e pregar a religião que desejam. Isso justamente porque esse Estado não tem uma religião oficial e muito menos é anti-religioso, pois se fosse anti-religioso não garantiria a liberdade religiosa. Deu para entender? Não? Tudo bem! Vou dar um exemplo mais concreto.

O Irã é um Estado que tem uma religião oficial, o islamismo. Isso significa que esse Estado vai privilegiar o Islã, seus líderes religiosos muçulmanos possuem voz ativa nas decisões do Estado e pessoas que escolhem seguir outra religião são inclusive perseguidas e condenadas à morte. Difícil acreditar? Ora, vamos lembrar do pastor iraniano Youcef Nadarkhani. Nadarkhani se converteu do islamismo para o cristianismo, foi detido pelas autoridades iranianas e por ter se recusado a voltar ao islamismo foi condenado à morte. Graças à pressão e protestos internacionais Nadarkhani, felizmente, foi libertado. Mas o Irã continua a perseguir e matar cristão, por vezes pelas vias ilegais com a anuência das autoridades estatais que nada fazem para proteger pessoas com crenças diferentes da oficial. 

Youcef Nadarkhani com sua família (Fonte: Uol Notícias)


É isso que queremos no Brasil? 

Nosso país, felizmente, não sofre com guerras religiosas. Nossa nação é um lugar de liberdade religiosa onde protestantes, católicos, umbandistas, hindus, espíritas, judeus, muçulmanos, etc podem professar livremente suas religiões, podem pregar sua fé em praça pública, ou até mesmo nenhuma fé! E isso se deve especialmente ao fato de vivermos em um Estado Laico. Em poucas palavras, o Estado Laico é a única garantia para a liberdade religiosa! E todos nós, independente de nossa fé, devemos defender isso. Não vamos permitir que nossa nação vire uma praça de guerra religiosa, ou uma praça de guerra entre religiosos e pessoas sem religião. Se há algo de muito bom que temos no Brasil é a relativa harmonia entre pessoas de diferentes religiões e isso é bastante raro ao redor do mundo. Somos um bom exemplo nesse sentido, vamos honrá-lo. 

segunda-feira, 4 de março de 2013

Uma breve nota sobre nossa gente


Estou escrevendo para o blog menos do que eu gostaria. Tenho um artigo em preparação sobre o escândalo das companhias de ônibus interestaduais, mas ainda não o terminei. Quero escrever algo o mais detalhado possível. Então fica a dúvida cruel: publicar todos os dias qualquer coisa ou publicar ocasionalmente um texto melhorzinho? A minha única certeza é tentar produzir material inédito e não adotar a estratégia de alguns blogs que copiam descaradamente conteúdo de terceiros. Enfim.
Bom, o fato é que voltei há pouco de uma viagem à Itália. Como foi minha segunda visita ao Velho Mundo eu não estava tão empolgada quanto na primeira vez, então notei algumas coisas que da primeira vez passaram batidas. Antes de avançar nesse ponto, gostaria de destacar que adorei todas as cidades que conheci na Itália e tenho um especial carinho pelo povo italiano, sempre amistosos e atenciosos, bom, pelo menos nunca tive nenhum problema com os italianos! Além do mais, adoro a língua italiana e andava pelas ruas prestando o máximo de atenção para ouvir as pessoas conversando, como não entendo muito bem o idioma ainda, meu esforço não deve ser qualificado como "fofoca", certo?
De todo modo, a cada rua que eu atravessava, a cada esquina que parava (literatura vagabunda detectada!) eu me lembrava do meu país e da mania que os brasileiros têm de menosprezar a própria gente. Não estou dizendo que os brasileiros são limpos, educados e perfeitos, longe de mim! Mas não somos os únicos a desrespeitar as regras. Ao menos nas cidades por onde andei na Itália vi muita gente atravessando a rua com o sinal de trânsito fechado para pedestres, vi gente jogando lixo no chão e carros acima do limite de velocidade. Pessoas andavam com suas bicicletas bem nas calçadas reservadas para pedestres e fui, em Veneza, orientada por um italiano a jogar a guimba do meu cigarro num canal! Pois é, mas não se preocupem que não segui a orientação! No mais, os italianos não são os mais pontuais da Europa mesmo. Nada disso desqualifica o povo italiano, de jeito nenhum! Mas não vi tantas diferenças entre eles e nós. Deve ser nossa latinidade, vá saber. 
Bom, mas o que quero dizer com isso é que antes de tentarmos usar a Europa como um modelo de civilização - algo bem simplório tendo em vista a enorme diversidade cultural daquele pedaço de terra - vamos tentar lembrar que lá eles também têm muitos problemas. A Europa não é o paraíso que muitos brasileiros idealizam e, mais importante, as soluções adotadas nos diversos países europeus para os mais diferentes problemas não necessariamente se adaptarão ao Brasil! É mais do que a hora de pensarmos em nossas próprias soluções para os nossos próprios problemas sem nos apoiarmos no ideal de que copiando os europeus chegaremos ao Éden. 
Por fim, não somos os bárbaros que pensamos ser, ou que querem que acreditemos que somos. Apesar dos pesares tentamos melhorar, do nosso jeitinho, no nosso tempo. Vamos valorizar o que temos de bom e aprimorar o que deve ser aprimorado. Vamos pensar em soluções criativas para nossas dificuldades que caibam na singularidade que caracteriza nosso povo e nossa terra.