sexta-feira, 14 de junho de 2013

Proteja-se do Spray de Pimenta e do Gás Lacrimogênio

A truculência das polícias durante as últimas manifestações contra a decadência da malha do transporte público nas capitais brasileiras prova uma triste realidade: os policiais brasileiros são despreparados e esse despreparo coloca em sérios riscos os cidadãos do Brasil. Frente à ataques gratuitos não podemos nos furtar de usar métodos de defesa. A auto-defesa também é um direito que você e qualquer outro cidadão pode e deve exercer. 

A fim de contribuir com a divulgação de métodos de auto-defesa, compartilho o tutorial para se proteger do spray de pimenta e dos gás lacrimogênio. 


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Os protestos no Rio de Janeiro e São Paulo e as armas "não-letais" usadas pelas polícias



Não há muitas dúvidas que algumas pessoas se excederam e de fato promoveram violência e quebra-quebra durante as manifestações contra o aumento das tarifas do transporte público. Mas é importante destacar que os baderneiros eram a minoria. Quem já participou de manifestações sabe muito bem que não é raro que um punhado de gente apareça com o principal objetivo de entrar em confronto com a polícia, mas sabemos também que essa gente não representa a maioria das pessoas que saem às ruas em manifestações, manifestações estas que são um direito constitucional. Enfim. 

O problema é que quando os baderneiros agem policiais mal treinados atacam. Atiram indiscriminadamente para a multidão e acabam atingindo pessoas que estavam lá pacificamente, e as vezes pessoas que nem estavam nos protestos. Uma vez, no Rio de Janeiro, a Guarda Municipal promoveu o famoso "Rapa" com uma inovação, o spray de pimenta. Para quem não sabe, o "Rapa" é quando as forças policiais atuam para reprimir o comércio de rua ilegal. Na época do prefeito César Maia o "Rapa" era uma constante. Quem trabalhava ou estudava no Centro da cidade recorrentemente testemunhava o "Rapa" vindo com tudo. Era uma verdadeira correria, uma barbárie, o Centro virava uma praça de guerra, lojas fechavam, pessoas corriam desnorteadas e os Guardas vinham como uma tropa de choque baixando o sarrafo em camelôs e em pessoas que estavam só tentando se proteger. Bom, então veio o spray de pimenta. Os Guardas ganharam o "brinquedo" sem treinamento adequado. Quando o usaram em pleno Largo da Carioca lançaram sprays para o alto, sem qualquer critério. Um monte de gente que estava apenas passando sentiu a "delícia" que é essa arma não letal. 

Pois é, Spray de Pimenta é tenso! Eu sei bem, uma vez levei uma "sprayzada" nas fuças durante um protesto que começou pacífico, mas virou uma bagunça quando um rapaz foi preso para desviar as atenções dos manifestantes e permitir que o ilustríssimo César Maia escapasse sem olhar na cara das pessoas que reivindicavam velhas promessas de campanha que o senhor Maia não cumpriu. O Guarda Municipal que me atacou estava numa distância curtíssima e me atingiu diretamente no rosto. Eu não o estava ameaçando, não estava gritando, estava apenas parada olhando para ele. Mesmo que eu quisesse seria difícil ameaçá-lo no alto dos meus 1,59m e desarmada. Nem vou tentar descrever o que senti depois do ataque, mas posso garantir: é terrível! E não sei, realmente não sei, se é correto jogar spray de pimenta à curta distância e diretamente no rosto de uma pessoa. 

Por que estou contando isso? Para dizer que há  protocolos de uso de armas não-letais. Os protocolos são importantes e respeitá-los é crucial para evitar tragédias como aquela que aconteceu com o brasileiro morto na Austrália depois de levar vários tiros de taser. O fato é que não existem "armas não letais", quaisquer dessas armas pode causar danos mortais à suas vítimas e o risco é maior quando há o mau uso desses equipamentos. 

Para escrever esse texto procurei nos sites da PM-SP, Polícia Civil SP, PMERJ e Polícia Civil do Rio de Janeiro os protocolos adotados pelos policiais para o uso dessas armas não letais. Não encontrei nada, ao menos que esteja disponível para a consulta pública. O site da Polícia Federal parece ter alguns desses protocolos, mas não consegui abrir o site! A propósito, tenho tido muitas dificuldades em abrir os sites do Governo Federal.

Bom, embora os protocolos não estejam disponíveis, há coisas que descobri em algumas pesquisas pela internet. Uma delas é que as armas que disparam balas de borracha jamais devem ser miradas acima da linha da cintura. Ou seja, os policiais que usam essas armas devem sempre dispará-las à uma distância mínima de 20 metros e não mirar no abdômen, peito ou rosto. Vejamos se isso é respeitado olhando para duas fotos tiradas nos protestos do Rio de Janeiro e de São Paulo que mostram vítimas das balas de borracha. 
Jovem atingido por bala de borracha nos protestos do Rio de Janeiro

Repórter da Folha de S. Paulo Giuliana Vallone atingida por bala de borracha

Como as fotos provam, as duas vítimas foram atingidas no rosto e próximo aos olhos. Trata-se de uma coincidência ou da prova cabal de que os policiais das duas cidades estão muito mal treinados e não estão aptos a usar esse tipo de armamento? 

Isso tudo pode parecer distante para você. Você pode pensar que esse tipo de coisa só acontece com quem participa de manifestações, mas como eu exemplifiquei no início do post, no Rio de Janeiro já testemunhei gente que não tinha nada a ver com nada e mesmo assim foram vítimas da ação de policiais despreparados. O resumo da ópera é: sim, você pode ser vítima das armas não-letais disparadas por pessoas que não respeitam os critérios mínimos de segurança. E as conseqüências podem ser gravíssimas. No caso da repórter de São Paulo e do jovem do Rio de Janeiro, ambos correm o risco de terem seqüelas nos olhos... vamos torcer para que isso não aconteça e eles se recuperem completamente. 

Por fim, o mínimo que esperamos das autoridades públicas é que elas sejam transparentes em suas ações. Queremos saber: quais são os protocolos para uso de armas não-letais utilizados pelas polícias? Que tipo de treinamento os policiais recebem para usar essas armas? 

Não quero aqui demonizar os policiais. Estes são pessoas mal pagas, mal treinadas e mal equipadas que arriscam suas vidas todos os dias. O despreparo dos policiais potencializa os riscos que eles mesmos correm e ainda colocam cidadãos inocentes em situações de alto risco, como podemos observar no caso da atuação policial durante os protestos contra o aumento das tarifas do transporte público. Finalmente: não se omita! O próximo pode ser você ou alguém que você ama!

Saiba mais:


quarta-feira, 12 de junho de 2013

Carta ao governador Alckmin e ao prefeito Haddad


Senhor governador, senhor prefeito, espero que estejam usufruindo de uma maravilhosa estadia na cidade de Paris. A cidade é realmente bonita e certamente uma viagem desse porte é muito mais agradável quando os custos são bancados por dinheiro público. Aproveitando o ensejo, já que os senhores estão na Cidade Luz as nossas custas, sugiro que experimentem o serviço de metrô de Paris! Os senhores notarão, talvez maravilhados, o quando o metrô de Paris deixa o de São Paulo no chinelo, com o perdão da expressão pouco acadêmica, por favor! Não deixem de verificar o sistema adotado por Paris para diminuir o fluxo de veículos no centro da cidade! Eu penso que é um bom sistema principalmente porque vem acompanhado de um sólido planejamento na oferta de transporte público, muito diferente do sistema de rodízio adotado em São Paulo sem qualquer cuidado em proporcionar mais oferta de ônibus! Os senhores vão se surpreender positivamente, eu garanto! E espero que aprendam esses bons exemplos e os apliquem na cidade de São Paulo e no Estado de São Paulo também, como não? 

Li as palavras do governador Alckmin amplamente divulgadas na mídia brasileira e um raio de esperança iluminou meu coração! Fico muito feliz por saber que o digníssimo governante está preocupado com o vandalismo e baderna que se espalham pela cidade! Então acredito que ele tomará providências energéticas para acabar com o vandalismo e a baderna que fazem parte do cotidiano dos cidadãos de São Paulo que vivem esmagados em vagões de trem e metrô lotados ou passam suas semanas como sardinhas nos ônibus! Realmente é uma tremenda barbárie desumana conviver com essa oferta de transporte, é ainda mais doloroso pagar caro por isso! O governador bem sabe, e penso que o prefeito também sabe, que ser tratado como gado não faz parte do Estado Democrático de Direito e dos direitos e garantias fundamentais que tal estrutura deve oferecer aos seus cidadãos. Não é governador? Estou certa, Prefeito? 

Estimados representantes do povo, tomo a liberdade de dar algumas sugestões para acabarmos definitivamente com o vandalismo e a baderna, tomem nota, por favor:

1. Bairros afastados do centro e sem metrô abrigam uma população sofrida que conta com pouquíssima oferta de ônibus mesmo tendo que se deslocar para regiões centrais a fim de batalhar pelo pão nosso de cada dia. Um estudo interdisciplinar que contemple engenharia de tráfego, análise cartográfica e estudo dos fluxos de deslocamento diários da população é um bom caminho para distribuir melhor as linhas de ônibus da cidade;

2. Mesmo que pareça estranho para os senhores, as pessoas costumam circular pela cidade até mesmo fora de horário comercial. Não sei se os senhores já ouviram falar disso… talvez não, então pensem nisso e ofereçam transporte público 24h por dia. Assim, a frota não precisa estar toda na rua depois das 23h, mas ao menos uma quantidade razoável de veículos circulando pela cidade em horário regular ajudaria bastante;

3. Eu e muitas outras pessoas adorariam poder se deslocar pela cidade de bicicleta. Os médicos são unânimes em dizer que atividades físicas são saudáveis, parece bastante bacana unir o útil ao agradável e poder ir ao trabalho ou local de estudo usando as boas magrelas. Além disso, como se ouve por ai, uma bike na rua é um carro na garagem! Todavia, eu e muitas outras pessoas tememos muito acabarmos atropelados por ai! É que faltam ciclovias na cidade! Fica difícil disputar espaço nas ruas quando nossos concorrentes são carros dirigidos por motoristas apressados, motos em alta velocidade voando pelos corredores e motoristas de ônibus destreinados. Isso sem falar de caminhoneiros e seus monstros de muitas rodas. É desleal, sabiam? Então que tal construírem mais ciclovias? Parece razoável? 

Olha, se os senhores tomarem essas medidas simples eu talvez nem me incomodaria em pagar mais um pouquinho pelas passagens. É que, assim, quando eu vou à algum restaurante e pago caro por comida ruim, eu tenho a opção de não mais colocar meu pés nesse lugar! Mas com transporte público fica difícil. Gostando ou não gostando, eu tenho que pagar caro para me deslocar. Dá uma raivinha, uma raivinha danada! Eu até tento ficar calminha, vou escutando Bach enquanto sofro de asfixia na Estação da Sé, mas não há Paixão Segundo São Mateus que me ajude quando um suvaco suado está colado na minha orelha…  

Por enquanto é tudo.

Ah, não! Desejo que façam uma excelente viagem de volta para São Paulo! Estaremos esperando de braços abertos, tá bom?

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Sede de Caetano Veloso


Ah, Caetano! Pobre de mim que repetia aquela ladainha medíocre "blábláblá gosto do Caetano da Tropicália". Aí eu ficava, até que experimentei o Abraçaço. Logo eu, que tenho horror a neologismos, fui pega de surpresa pelo teu feitiço! Fiquei com sede, sede de Caê. 

Não sou crítica de música e nem sei fazer música, sou só louca por música. Vale? Vou dar um pitaquinho então.

Versos construídos com maestria e saborosamente harmonizados com um som porreta. Tudo exala vigor no novo trabalho de Caetano Veloso, mas há um contraponto, aquela voz malemolente, malandra, que passeia com propriedade e nos envolve como um abraço, um abraçaço. 

Não, Caetano não se reinventou na minha irrelevante opinião. Reinvenção soa como uma ruptura, não acho que há ruptura, Abraçaço me parece parte do processo de desenvolvimento de um dos artistas mais espertos do mundo. Aham, eu disse "MUNDO". É que o Caetano é um carioca com gosto de dendê, ou um baiano com aroma de tucupi, ou um amazonense com cheirinho de chimarrão, quiçá um gaúcho temperado ao estilo de Ferran Adrià. Caetano é o cara, não… Caetano é foda mesmo! Fodão, foderástico! Ai de mim, odeio neologismos! 

E vejam só que belezura! É que a Bossa Nova é Foda, só podia ser!    





domingo, 14 de abril de 2013

O pior de todos os mundos: Gerald Thomas e a psicopatia contra mulheres


O que pode ter em comum entre o caso da americana brutalmente violentada numa van no Rio de Janeiro, o aterrador caso de Rehtaeh Parsons, os assustadores casos de violência sexual na Índia e o espetáculo dantesco protagonizado pelo senhor Gerald Thomas naquele programinha… qual é o nome mesmo? … Ah! Pânico? 

Os mais ingênuos, ou deliberadamente ignorantes, podem alegar: nada!

Será? Então vamos botar os neurônios para funcionar um pouquinho que costuma fazer bem.

Caso 1: Uma jovem americana pegou uma van com o namorado francês, no veículo estavam alguns dos seres que representam o que há de mais repugnante na espécie humana, bestializados que atendem pelos nomes: Jonathan Froudakis de Souza, Wallace Aparecido Souza Silva e Carlos Armando Costa dos Santos. Os três seres grotescos violentaram brutalmente a jovem. O caso ganhou notoriedade - olha a Copa! - e os seres foram presos em poucas horas. Descobriram que existiam outras denúncias contra eles que foram solenemente ignoradas pelas autoridades. Típico.

Caso 2: Rehtaeh Parsons era uma típica jovem canadense. Um dia ela foi violentada por três seres grotescos, um deles tirou fotos do crime e compartilhou na internet. Mesmo com as fotos que comprovavam o crime, a polícia canadense não achou que havia provas suficientes para condenar os grotesquinhos. Eles saíram impunes, mas Rehtaeh não. Ela foi execrada pela comunidade, foi abandonada pelos amigos e humilhada de todas as maneiras que as mentes doentias são capazes de humilhar. Jamais se recuperou. Ao 17 anos, dois anos depois do crime e ainda profundamente deprimida e destratada, ela tentou suicídio. Sobreviveu, mas seu estado piorou e ela estava sendo mantida viva com a ajuda de aparelhos. Sem esperanças de melhoras, os aparelhos foram desligados e a jovem Rehtaeh deixou este mundo. Estes mundos.  

Caso 3: Índia, um dos países que ocupam o infame top 10 dos países onde as mulheres sofrem mais violência. Estamos no final de 2012. Uma estudante de medicina de 23 anos acompanhada de um amigo pegou um ônibus. Nele estavam seus algozes que a violentaram de maneira tão brutal e a feriram de foram tão devastadora que a jovem não sobreviveu. Morreu dias depois enquanto em Nova Déli pessoas fartas do descaso das autoridades e da culpabilização das vítimas tomavam as ruas em protesto. Enquanto isso um guru indiano dizia que a culpa foi da jovem que sofreu a violência. Faz parte, estupro é o único tipo de crime que as vítimas devem provar inocência.

Caso 4: um diretor teatral e rocambolesco que atende pela alcunha de Gerald Thomas está lançando um livro de rabiscos, ops, desenhos. O programinha Pânico - aquele que humilha entrevistados e se farta da bestialidade generalizada para ganhar Ibope - foi cobrir o "grande evento". O tal diretor é o mesmo que numa entrevista para a TPM causou um tremendo desconforto para a entrevistadora quando tirou a roupa, não sem antes convidá-la para um motel, um gentleman, como se pode perceber. Thomas estava lá, no alto do seu notório egocentrismo, e se sentiu no direito de colocar as mãos por debaixo do vestido de Nicole Bahls, tudo sob os olhares coniventes da equipe do programa e do outro entrevistador. 

Rio de Janeiro, Cole Harbour (Canadá), Nova Déli. Três cidades muito diferentes, localizadas em países com poucas afinidades culturais, em diferentes níveis de desenvolvimento, mas com algo em comum, algo que une nossos mundos no que eles têm de pior: a psicopatia contra mulheres.

O que é psicopatia? É a total falta de empatia por outro ser humano, é a idéia de que o outro é desprezível e não merece qualquer consideração, de modo que se pode fazer qualquer coisa contra o alvo sem qualquer remorso, sem culpa. Psicopatia é desumanização. A questão com as mulheres é que contra elas existe uma psicopatia social. Mulheres são esses seres que podem ser odiados, xingados, violentados, destratados num coletivo em Nova Déli, na cidade da Copa ou numa pacata cidade canadense com a anuência da sociedade. Sempre há uma desculpa. É o guru que diz que a culpa é da vítima. É o diretor que vem com a "brilhante" e "revolucionária" explicação de que mulheres não são objetos, mas não devem se comportar como tal, portanto ele podia meter a mão na "menina" com roupas sensuais [sic] (Jura, Thomas? Eu não me surpreenderia de ler isso no Malleus Maleficarum, acho que você precisa rever seu conceito de "transgressão provocativa"). São as autoridades que deixam de investigar denuncias de estupro e permitem que estupradores continuem à solta até predar a próxima vítima. E aceitamos isso, e encontramos comentários defendendo e justificando os atos do diretor, dos indianos, dos estupradores da van. É o terror, o retrato da barbárie travestido nos mais infames disfarces. O espetáculo dantesco, aceito, defendido e perpetuado. É o triunfo da brutalidade, da bestialidade…

Pois a mesma justificativa dada por Thomas pode ser encontrada em qualquer depoimento de estuprador em qualquer buraco do planeta: "ela estava provocando, ela pediu por isso". Psicopatia social, universal, generalizada. E o "douto" diretor, a fina flor da "classe artística", acha que é muito diferente. Não, ele não é. É só mais um psicopata: com as mesmas desculpas, com o mesmo desprezo, com a mesma falta de empatia. 

sábado, 13 de abril de 2013

BoicotaSP - uma baita iniciativa!

Quem vive em São Paulo ou no Rio de Janeiro está pra lá de ciente dos preços abusivos que pagamos em restaurantes e lanchonetes nas cidades. O pior de tudo é que os preços são altos e muitas vezes estão longe de condizer ao serviço e à qualidade do produto. Quem nunca se decepcionou ao pagar caro num prato e ainda não gostar muito da comida?

Fui ao Partisans Pub em São Paulo há poucos dias com uns amigos. Pedi um hambúrguer que me custou 25 reais e que topei pagar porque já tinha comido antes e gostado. Mas dessa vez o hambúrguer estava bem menos saboroso, sem sal e demorou muito para chegar. E cá entre nós, um hambúrguer de 25 reais!?! É demais. E no Tubaína Bar? Fui uma vez para nunca mais! Um refri que costuma custar bem baratinho em qualquer mercado do estado de São Paulo, neste bar custa uma fortuna! Além do mais as porções são caras e mal servidas, você paga muito e sai com fome!

Temos a cultura burra de achar que coisas boas precisam custar os olhos da cara! E o pior é que essas supostas "coisas boas" não raro custam a metade do preço em qualquer outro país do mundo! Duvida? Então confira um trecho da reportagem especial de Zeca Camargo para o Folha de São Paulo: 

Você lembra quando percebeu que o jantar de R$ 150 virou rotina?
Para mim, foi numa noite, no final do ano passado, quando levei um amigo americano para jantar num bistrô que, de tão bem-sucedido, já abriu várias filiais, inclusive fora de São Paulo -o jantar que cito, aliás, foi no Rio.
Éramos sete pessoas e comemos bem, ainda que sem excitação: medalhão bérnaise, steak tartare, risoto de bacalhau, peito de pato.
Assustados com a carta de vinhos, pedimos apenas algumas taças, não para todos. E veio a conta: R$ 150 por pessoa. 

Teria sido mais um jantar "normal", não fosse pelo comentário do meu amigo americano: "Sabe o que aconteceria com um restaurante desses em Nova York? Fechava em uma semana!".
Meu amigo americano não reclamava da comida, claro, mas da relação custo-benefício do restaurante, cuja conta saiu por R$ 150.
Quando um nova-iorquino paga U$ 75 (o equivalente a R$ 150) para jantar fora na sua cidade, a expectativa é de algo ligeiramente mais elaborado (e saboroso e criativo) do que um "magret" de pato ao molho mostarda...
No começo do ano, a revista "New York" saiu com a tradicional lista de "onde comer" naquela cidade obcecada por uma boa refeição.
A média de um prato principal no Acme, um dos novos e bons restaurantes escolhidos por Adam Platt, o crítico da revista? US$ 25 (cerca de R$ 50). No Pok Pok NY, de um dos melhores chefs de 2013? US$ 14 (R$ 28).
O prato mais caro no elogiado Battersby custa U$ 29 (R$ 58). No The Dutch, um dos endereços mais disputados atualmente na cidade? US$ 24 (ou R$ 48).
Claro que há, na mesma lista, os menus-degustação de US$ 150 (R$ 300) ao teto de US$ 195 (R$ 390) para o Eleven Madison Park. Mas esse é, só lembrando, um dos dez melhores restaurantes do mundo de acordo com o ranking da revista inglesa "Restaurant", graças ao talento do chef Daniel Humm.
Esse não é o problema. Para cada Humm, nós temos aqui nosso Alex Atala, entre outros, que, pela cozinha diferenciada, podem pedir, sim, um preço diferenciado.
Mas o que me parece absurdo é pagar um valor alto por uma coleção de pratos genéricos.
Você conhece os suspeitos: atum em crosta de gergelim (ah! com molho teriaki!), carré de cordeiro, espaguete ao vôngole (quando o garçom não tenta empurrar o ainda mais genérico "aos frutos do mar"), arroz de polvo, peixe do dia ao molho de maracujá, ceviche de (claro!) camarão, saint-pierre à provençal, polvo prensado, "steak au poivre", macarrão "thai"...
Essas coisas pelas quais aceitamos pagar um total de R$ 150. Ou melhor, talvez você aceite -eu já abandonei alguns endereços que não me dão nem surpresas nem prazer no seu cardápio. (FONTE)

Pessoal, não é chique pagar caro, é burrice mesmo! Deu para entender? E quando você aceita pagar esses preços absurdos você está dando o recado para os comerciantes desonestos: "continue nos sacaneando que nós pagamos mesmo!" E ai os preços nunca vão baixar e vamos continuar como otários que acham o máximo pagar 150 reais por uma macarronada. Eu já cansei disso, não pago mais! 

Pois agora surgiu um site muito bacana chamado "BoicotaSP" onde os cidadãos de São Paulo podem denunciar os estabelecimentos com preços abusivos. Eles cobram caro demais? Então vamos boicotar! Visite o site, confira os estabelecimentos denunciados e, mais importante, não vá até eles! Não pague, BOICOTE! 

Up Date

Além do BoicotaSP que mostra os estabelecimentos com preços abusivos, existe o SP Honesta que indica os lugares com preços justos e comida saborosa! Então vamos apoiar os estabelecimentos honestos de São Paulo e boicotar os sacanas!


quinta-feira, 11 de abril de 2013

A misteriosa morte dos militares americanos que participaram da missão que matou Bin Laden


Ora, ora, prezados internautas. Vamos lá, quem não achou estranha a morte de Bin Laden e a desova que fizeram do corpo do homem no oceano, hein? Alguém não achou? Certo, então me acompanhem. Um cara no meio do Afeganistão arquiteta o maior ataque terrorista da história dos Estados Unidos da América matando milhares de cidadãos inocentes e explicitando para o mundo que o país mais poderoso da atualidade tem defesas ridículas e que poderiam ser colocadas de joelhos por uns maltrapilhos com estiletes. Uma verdadeira façanha. Então você, governante do país atacado ou General de sete estrelas [com o c* na mão] fica anos e anos procurando o barbudo que humilhou seu país, quando o encontra você não se interessa por investigar os detalhes do plano que ameaçou seus cidadãos, você não submete o barbudo à um interrogatório, você não leva o cara ao teu país e o coloca sob investigação e julgamento e tampouco inclui a versão dele nos relatórios de investigação do atentado. Ah, não. Você apenas dá uns tiros no cara e some com o corpo dele nos mares. Ops… tem algo estranho aí, né? Desconfiômetros ligados? Ok, continuemos. 

Pois esse atentado terrorista tem sido colocado em dúvida pelos próprios cidadãos dos EUA, e as dúvidas são razoáveis. Nada indica que o que atingiu o Pentágono era realmente um avião e a CIA e FBI foram rápidos em confiscar as gravações de câmeras de segurança que registraram o objeto atingindo o edifício, bom, se era mesmo um avião, por que diabos não divulgaram as gravações assim que as dúvidas surgiram depois que notaram que não tinha destroços de avião no Pentágono e arredores? O que estão escondendo? Outra coisa, encontraram o passaporte de um dos terroristas que atingiram as Torres Gêmeas e isso foi usado como prova para indicar os culpados, mas não é engraçado que o passaportes do terrorista tenham sobrevivido aos impactos e aos incêndios que foram capazes de derrubar dois arranha-céus? Dois arranha-céus que foram projetados para suportar o impacto de aviões, terremotos e furacões, diga-se de passagem. E até agora ninguém explicou por que diabos o edifício 7, que não foi atingido, caiu também no dia 11 de setembro. Essas são apenas algumas questões, e tem muita gente séria que não está convencida pela versão oficial dada pelo governo dos EUA para os chocantes atentados. Ter capturado Bin Laden e ouvido o que ele tinha a dizer poderia trazer respostas à essas perguntas e sanar as dúvidas razoáveis em torno dos eventos daquela manhã ensolarada, sim, mas o que fizeram? Mataram o cara e sumiram com o corpo! Você precisa ser bem ingênuo para não ficar com a pulga atrás da orelha depois dessa… mas não terminamos!

Dick Cheney: Vice-presidente no governo Bush Jr.
Primeiro, quem realmente perdeu com os atentados foram as pessoas inocentes que morreram e suas famílias que nunca se recuperarão da perda de entes queridos, foram os bombeiros de NY que morreram tentando salvar vidas, foram, e ainda são, os soldados americanos enviados para os campos de batalha abertos para vingar os ataques, foram e são as pessoas que vivem nos países em guerra, não que a vida fosse boa sob Saddam e o Talibã, mas os EUA realmente melhoraram a vida de iraquianos e afegãos? Essas pessoas perderam, mas muita gente ganhou com os atentados. A indústria bélica americana brindou a morte de milhares de inocentes e o conseqüente aumento de seus lucros, ah! Eu mencionei que o vice-presidente americano era um acionista de uma dessas companhias? Veja o documentário Fahrenheit 9/11 de Michael Moore e testemunhe as festinhas em comemoração aos lucros que o 11 de setembro gerou, festinhas feitas por americanos ricaços, não por palestinos miseráveis. 

Segundo, mortes misteriosas se seguiram e parece que a queima de arquivo ainda está em curso. Temos o caso de Phillip Marshall, um ex-piloto da CIA e que lançara um livro onde denunciava as mentiras e meias-verdades por trás do 11 de setembro e agora veio à tona as mortes dos Seals envolvidos na operação que encontrou e matou Bin Laden. Segue a notícia do portal O Dia:

Estados Unidos -  Apenas dois dos 25 soldados que acabaram com a vida do terrorista Bin Laden, considerado o maior inimigo dos Estados Unidos, permanecem vivos, de acordo com informações do jornal italiano Corriere della Sera. O último membro das forças especiais do Exército dos Estados Unidos, o Navy Seal, que morreu até então foi Brett D. Shadle, em um treinamento de manobras de paraquedismo, no qual outro militar também ficou ferido, informou a rede americana "NBC".
O militar, do qual ainda não foi divulgada a identidade, fazia parte da famosa Equipe número 6, encarregada da missão que matou Osama bin Laden em maio de 2011. Por enquanto, não se conhecem os detalhes do acidente em que um dos saltadores morreu e outro ficou ferido, embora se encontre em estado estável. Os membros da equipe de elite 6 dos Navy Seal têm que passar por este tipo de treinamentos para se preparar para operações de infiltração e libertação de reféns.
A "maldição de Bin Laden", como o jornal italiano denominou, teria começado três meses depois da operação "Gerônimo" (codinome de Osama bin Laden para os americanos) que levou à morte do terrorista. Em agosto de 2011, um acidente de um helicóptero da OTAN durante uma operação no Afeganistão matou 38 militares, sendo que 22 faziam parte do grupo que invadiu a casa de Bin Laden em Abbottabad, no Norte do Paquistão. Com mais um militar morto, a morte de Bin Laden continua com muitas suposições. [FONTE]
"Maldição Bin Laden", jornalistas? Não seria melhor dizer "Operação cala a boca"? Operação cala a boca iniciada para evitar que esses militares falassem demais, como ousou fazer Marshall. Pura profilaxia. 
Leitores, há algo acontecendo, algo estranho e que não ameaça apenas o povo dos EUA e dos países que atualmente são alvos. Essas pessoas que lucram com esses atentados financiam campanhas eleitorais nos EUA e outros países e mantêm e também derrubam governos. Eles não têm qualquer vínculo nacional, são senhores de companhias internacionais que migram para onde ganham mais e, é importante dizer, não medem esforços para continuar ganhando mais e mais. Hoje isso tudo pode parecer muito distante para nós, mas amanhã podemos ser o alvo e sofre na pele as conseqüências da substituição de governos realmente preocupados com seus cidadãos por governos financiados e que atendem aos interesses de minorias poderosas com interesses espúrios. 
E para que isso não soe como teoria da conspiração, encerro com o discurso de despedida do grande presidente americano Eisenhower e o alerta que ele fez sobre os riscos envolvidos no crescimento da influência da indústria bélica na política dos EUA:

terça-feira, 9 de abril de 2013

Reinaldo Azevedo erra ao falar da permanência de Feliciano na Comissão de Direitos Humanos da Câmara


Antes de expor meus argumentos, aviso desde já que não demonizo Reinaldo Azevedo! Na verdade, tal como ele, sou uma liberal. Discordo dele em alguns pontos e decidi escrever esse texto pois penso que ele trouxe uma questão sobre o caso Feliciano bem mais profunda e que tem sido preterida pela histeria, uma questão que tem relação com a ordem democrática do nosso país. Reinaldo de Azevedo está certo ao dizer que não há ilegalidade na eleição de Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos. Ele foi eleito dentro dos conformes e dos jogos políticos - ou de politicagem - que o PT conduz para se manter no poder. Além disso, Feliciano foi eleito democraticamente por um número considerável de eleitores, isso significa que ele representa uma boa quantidade de cidadãos e não vejo o que pode estar errado no fato desses cidadãos serem representados por Feliciano na Comissão de Direitos Humanos. Isso é democracia, uns perdem, outros ganham e o consenso é um ideal distante, muito distante… O fato é que se você deslegitima a permanência de Feliciano você deslegitima também a democracia. Pois democracia não é aquilo que atende aos seus interesses, ou aos interesses do seu grupo, democracia inclui aceitar que outros interesses e interesses de outros grupos também podem, ou melhor, devem ser representados no poder legislativo. Eu não gosto de Feliciano, ele não atende aos meus interesses, melhor dizendo, ele está longe de corresponder ao modelo de político que eu admiro… a propósito, ainda não encontrei um que corresponda ao meu político ideal. Mas paciência. O fato é que apesar de não me representar, Feliciano representa mais de 200 mil eleitores, então eu tenho que engolir o cara. Mas isso não significa que eu não possa me opor ao Feliciano, que eu não possa criticar a permanência dele na Comissão de Direitos Humanos.

Sim, eu posso criticar Feliciano e me manifestar contra ele onde quer que eu queira, o fato é que depois de eleito, um político passa a representar algo que vai um pouco além dos seus próprios eleitores uma vez que as leis que ele propor, se aprovadas, vão influir na vida de todos nós. Mesmo que ele represente um grupo, suas ações causam impactos em âmbito nacional, de modo que, ao fim e ao cabo, ele legisla PARA todos nós, mesmo que não tenha a idéia de que deva legislar POR todos nós. Deu para entender? Assim, já que suas ações afetarão todo o país, eu, como cidadã, devo sim me manifestar quando ele atua orientado por interesses exclusivamente voltados para seu grupo de eleitores mesmo sabendo que todo cidadão será afetado por sua atividade legislativa. E esse debate, essa confrontação de idéias, também faz parte do jogo democrático. Em poucas palavras, democracia inclui, além de reconhecer a legitimidade de um legislador democraticamente eleito, ter a liberdade de criticar esse legislador. E é nesse último ponto no qual Reinaldo  Azevedo peca quando menospreza as manifestações de cidadãos que não se sentem representados por Feliciano

Todo o cidadão pode manifestar seu desagrado com algum legislador que legisla por todos os cidadãos, mesmo que não eleito por todos, ora bolas! E isso vale tanto para os anti-Felicianos quanto para aqueles que se opõem à atividades política do Jean Wyllys. A propósito, outro equívoco do Reinaldo Azevedo é insinuar que o mandato de Feliciano vale mais do que o do Wyllys porque Feliciano foi eleito com maior número de votos. Não, não! Depois que eleitos os parlamentares devem, pelo menos idealmente, ter o mesmo grau de legitimidade sob pena de acabarmos caindo na idéia de que grupos minoritários, que elegem representantes com menos votos do que grupos majoritários, têm menos legitimidade de terem suas idéias e interesses representados. O fato é que: ao dizermos que os legisladores têm o mesmo peso independente do número de votos que receberam, afirmamos também que todas as idéias que conseguem representação têm a mesma legitimidade para serem submetidas ao escrutínio do Congresso. E isso também é parte da democracia. 

Enfim, Reinaldo Azevedo trouxe sim uma questão importante e devemos debatê-la, pois ela é muito mais relevante do que a gritaria sobre homofobia, racismo, machismo e tal. A propósito, acredito que uma reflexão mais profunda sobre democracia resolveria definitivamente esses impasses que são superficiais, a perfeita definição daquela expressão "a ponta do iceberg". Antes de qualquer coisa precisamos entender a democracia, essa é a lição de casa para todos nós, e ela não é fácil.  

quarta-feira, 3 de abril de 2013

A cegueira dos burocratas: o crime do Estado de São Paulo


O Governo do Estado de São Paulo há pouco cometeu um crime. Um crime cujas consequências atingirão o que temos de mais precioso, que é nossa humanidade, uma humanidade que só existe em detrimento à outros seres. Somos humanos porque somos diferentes de outras formas de vida que habitam esse planeta e o que nos diferencia delas é a nossa capacidade de refletir sobre nossa própria existência e tentar compreender e intervir de forma consciente no mundo que nos abrigar.

Todos os humanos possuem as estruturas necessárias que permitem a humanidade e dentre elas se destaca o cérebro. Mas a existência da estrutura por si só não é suficiente, precisamos de ferramentas e know how para preenchermos o esqueleto estrutural com músculos, nervos e gordura de modo que ela se torne viva e útil. Sem essas ferramentas somos apenas uma promessa que jamais se realizará.

Essas ferramentas são dadas pela educação. Precisamos recebê-las e aprender a usá-las, precisamos, enfim, ser orientados no árduo caminho que nos tirará da obscuridade e da ignorância e nos permitirá existir plenamente como seres humanos.

O que o governo do Estado de São Paulo fez foi privar nossas crianças da possibilidade de receber e dominar essas ferramentas quando reduziu o currículo escolar das instituições básicas de ensino público ao mais elementar do elementar, às disciplinas de língua portuguesa e matemática.

É claro que essas disciplinas são essenciais, sem elas nos falta a capacidade de enveredarmos pelas outras disciplinas. Mas elas por si só não são suficientes. A língua pela língua não significa muita coisa, ela precisa estar relacionada ao mundo, ao tecido complexo que nos rodeia e que chamamos de sociedade. A língua é o império dos significados, mas algo precisa ser outorgado de significado para que tenha sentido! O mesmo vale para a matemática. As operações matemáticas deslocadas de um vasto universo de representações e significados não só é carente de sentidos como pode ser impossível.
São outras disciplinas correlacionadas que dão esses significados. A biologia, a geografia, a história, nos localizam no tempo e no espaço. Elas nos dão identidade, elas nos formam e nos moldam, sabendo nós disso ou não.

Se eu te pergunto: “Quem é você?” o que você vai responder? Dentre as muitas possibilidades de resposta você poderia dizer que é brasileiro. Mas o que significa isso? O que significa fazer parte de um grupo circunscrito à um espaço geográfico e que é brasileiro por não ser argentino, de marte, ou apenas um organismo dentre outros incontáveis que vivem no planeta azul? Você só pode me responder por entender a linguagem que eu utilizei para fazer a pergunta, é óbvio, mas apenas dizer “sou brasileiro” responde à poucas coisas se você não tem absolutamente idéia do que isso significa. Pois a disciplina que dá significado a “ser brasileiro” pode ser a história que nos ensina, dentre outras coisas, o processo de construção das nações e das identidades nacionais. Pode ser também a geografia que nos ensina noções sobre espaço e os impactos que viver num território com certas características tem sobre nossas vidas e as configurações específicas de nossa sociedade brasileira. Pode ser também a biologia e seu maravilhoso aparato explicativo dedicado à nossa natureza e à necessidade vital de vivermos em grupos, que hoje chamamos também de nações. Ou melhor, o significado de “ser brasileiro” deve ser dado pelo conhecimento correlacionado que essas disciplinas nos oferecem. Estou dando apenas um exemplo, é claro.

O ponto é, sem esse conhecimento mais complexo, mais amplo, ser capaz de responder “sou brasileiro”, graças ao domínio da linguagem, diz muito pouco não só para quem pergunta, mas também para quem responde.

Pois bem, para dominarmos bem essas ferramentas que nos permitem sermos de fato humanos – ou seja, seres capazes de compreender e atuar com consciência – é crucial que tenhamos contato com as ferramentas desde muito jovens. Mas parece que os burocratas não sabem disso. Talvez até saibam, e nesse caso o crime deles é ainda mais hediondo pois eles estão atentando deliberadamente contra o desenvolvimento HUMANO de nossos filhos quando os privam do contato com outras disciplinas além da língua portuguesa e da matemática!

“Formaremos” jovens e adultos incapazes de compreender, de criticar, de atuar num mundo que, mais do que nunca, precisa de seres pensantes. Jovens que apenas sofrerão as influências sem nem sequer perceber. Pois todos nós somos fruto de uma longa tradição intelectual que moldou a nossa sociedade e a nós como indivíduos. Ter ciência disso faz a diferença entre sermos capazes de refletir de fato ou não. Como nos ensinou o filósofo “A história me precede e se antecipa à minha reflexão. Pertenço à história antes de me pertencer a mim mesmo.” P. Ricoeur. 

terça-feira, 2 de abril de 2013

Onde foi que erramos? A aceitação social do machismo e da misoginia. Parte I: uma situação hipotética


Dizem que vivemos numa sociedade racista e homofóbica, é verdade, mas contra o racismo e a homofobia muitas vozes se levantam e as reações são mais fortes e com resultados concretos. O sucesso meteórico do "cantor" Tiririca teve uma sobrevida mais curta depois que ele fez uma música que tinha entre seus versos poéticos coisas como "nega fedida". Passado o episódio o palhaço passou alguns anos no ostracismo até ser redescoberto durante as últimas eleições federais e ser alçado ao cargo de deputado com uma votação recorde que tem muito a nos dizer sobre a consciência política dos eleitores brasileiros. Há pouco, a cantora Joelma do grupo Calypso voltou às capas dos jornais depois de ter comparado a homossexualidade com o vício nas drogas. Pessoas reclamaram, outras acharam legal e parece que o marido dela está em depressão graças às declarações ilustradas da esposa brilhante por conta das purpurinas, não da música ou da inteligência, claro! 

O fato é que concordando ou discordando, estando do lado anti-preconceitos ou do lado "eu quero pensar como um brucutu", racismo e homofobia são coisas que ocupam as capas dos jornais e as discussões nas redes sociais ou butecos. As pessoas discutem essas coisas e a cada dia observamos que a repulsa social ao preconceito racial tem aumentado, a repulsa à homofobia também dá sinais de estar em alta. É inegável que a militância organizada, as ações do governo e a recorrência com a qual esses temas aparecem contribuem enormemente com a mudança de postura em andamento. É assim que a história segue seu rumo: paradigmas são questionados e derrubados, opiniões mudam, pessoas se escandalizam com coisas que já foram normais. 

Mas há ainda um tipo de discriminação que não só é forte e perpetrado impunemente - e quando falo de punição não me refiro apenas às penas estatais, mas à pena social, aquela que condena baseada em costumes - como ainda desperta pouquíssima empatia social: trata-se do machismo e da misoginia. 

Ora, vamos aqui criar uma situação hipotética em torno de um personagem que chamaremos de Custódio. Custódio tem quarenta anos, um emprego estável, é casado e tem filhos e cumpre suas obrigações como qualquer cidadão honesto. Custódio um dia conversava com um amigo do trabalho, chamado José, sobre a Bete, a nova gerente. Bete tem trinta e cinco anos, é bonita, independente e conhece todos os continentes. Uma profissional altamente qualificada com experiência em multinacionais e que decidiu aceitar a oferta de voltar a trabalhar no Brasil porque estava com saudades de São Paulo e, principalmente, do cotidiano tipicamente brasileiro. Bom, vamos nos aproximar de Custódio e José para ouvirmos o que eles falam sobre a Bete.

Custódio: Gostosa a nova gerente, né?
José: Ô lá em casa.
Custódio: hehe ela é solteira cara, se não for na sua casa pode ser em outro lugar. Deve ser fácil, como você imagina que ela arrumou esse emprego? Bonita daquele jeito só pode ter sido o teste do sofá.
José: É mesmo, vou investir cara!
Custódio: Vá com tudo, camarada, vá com tudo! Solteirona, deve estar doida por um macho. Ou então é sapatão, se for sapatão você pode até descolar uma brincadeirinha à três. 

hmmm… 

No dia seguinte, Custódio e José conversam sobre o novo gerente assistente, o nome dele é Augusto e auxilia a Bete. Augusto tem 25 anos, formado em economia pela USP e com especialização em comércio exterior pela FGV. Augusto é negro. O que será que Custódio e José estão falando sobre ele?

Custódio: Viu o novo gerente assistente?
José: Ainda não.
Custódio: Como não? É aquele negrinho magricela.
José: Tá de sacanagem?
Custódio: Bem que eu gostaria de estar. É sério, ele é o novo assistente.
José: Pensei que fosse o novo faxineiro.
Custódio: hahahahaha deveria ser, né? Olha como estão as coisas.

Certo. Agora vamos supor que essa conversa tenha vindo à público e apareceu no Jornal Nacional. Qual dos dois diálogos despertaria mais indignação? O primeiro, no qual Custódio e José menosprezam a capacidade de Bete por ela ser mulher e afirmam que ela só conquistou o emprego por ter mantido relações sexuais com o superior e ainda dizem que ela, solteira que é, deve estar atrás de um macho ou deve ser lésbica, portanto José deve assediá-la? Ou a segunda, onde nossos personagens dizem que Augusto deveria ser faxineiro uma vez que é negro? 

Responda com sinceridade, por favor. E reflita também: por que o preconceito racial é mais repulsivo socialmente do que o preconceito contra mulheres?

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O perigo pode vir do espaço - o meteoro russo e as chances de um apocalipse


No dia 15 de fevereiro de 2013 os moradores da cidade de Chelyabinsk, nas proximidades dos Montes Urais, foram surpreendidos por um corpo celestial que entrou sorrateiramente na atmosfera terrestre e causou prejuízos na ordem de 25 milhões de euros e deixou muitas pessoas feridas, felizmente ninguém foi mortalmente ferido, mas o susto foi grande e trouxe à tona uma pergunta que nos intriga: quais são as chances de um meteoro nos atingir e eliminar a vida na Terra? 

O meteoro se fragmentou logo quando entrou em contato com a atmosfera terrestre e gerou uma energia de aproximadamente 500 kilotoneladas de TNT, mais poderosa que a energia gerada pela bomba lançada pelos EUA na cidade de Hiroshima. Menos mal que ele tenha se fragmentado, segundo estimativas da NASA o treco tinha 17 metros de diâmetro e 10 mil toneladas de massa! Imaginem se ele atingisse inteiro a Rússia a uma velocidade de 18 km.s-1 ? (Fonte) Melhor nem especular. 

Então você pode estar se perguntando: "com todos os satélites que existem na nossa órbita, como não prevemos isso?" Pois é, não dá para monitorar todos os corpos celestes que se aproximam do nosso pequeno planeta azul. Segundo cientistas, deve existir pelos menos uns 100 grandes corpos celestes potencialmente perigosos nos rondando e que ainda não foram descobertos. A NASA já conseguiu catalogar 784 grandes objetos com mais de 1 quilômetro (aham, você leu certo) de diâmetro (fonte). Se um desses 784 objetos monstruosos nos atingissem seria uma verdadeira catástrofe, mas os que realmente assustam são aqueles 100 que ainda não encontramos... a propósito, eles podem ser mais de cem, estamos falando aqui de estimativas. 

Nosso querido planetinha já foi atingido por um asteróide de uns 10 quilômetros de diâmetro há 60 milhões de anos e o resultado foi uma grande extinção que varreu do mapa - o mapa da época, claro - grandes animais que costumamos chamar de dinossauros. Tá, nem todos foram extintos, mas o impacto para o planeta foi devastador e mudou os rumos da evolução. Os cientistas especulam que esse tipo de evento se repete a cada 100 milhões de anos, se eles estiverem certos ainda temos 40 milhões de anos para encontrarmos uma forma eficiente de detectar essa ameaça e eliminá-la a tempo. Mas nada elimina a possibilidade de sermos pegos de surpresa, e o meteoro de Chelyabinsk mostrou que estamos mais vulneráveis do que gostaríamos. Ora, mesmo que um corpo de mais de 10 quilômetros escapasse das estimativas e entrasse em rota de colisão com a Terra daqui há alguns poucos anos, estamos preparados para lidar com ele e evitar a morte de milhões, bilhões de pessoas? Sei não...

Imagens da destruição causada pelo meteoro na Rússia