segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O preço de seguir a lei – Lei Seca e falta de transporte público


“Se beber, não dirija”. Só uma pessoa irresponsável seria contra essa frase. Não há dúvidas, bebidas alcóolicas e direção é uma combinação perigosa. A Lei Seca foi instituída para evitar que inconsequentes peguem o carro depois de uma noite de bebedeira, parece que tem dado resultado. Pelo menos no Rio de Janeiro as blitz da Lei Seca são comuns e bem instaladas nas principais vias da cidade, já fui parada e fiz o teste do bafômetro como qualquer cidadão deve fazer. 

Mas há um porém. Se de fato a lei foi uma das raras boas iniciativas do poder legislativo ela não veio acompanhada da estrutura necessária. O fato é que a oferta de transporte público nas madrugadas é ridícula e o preço dos táxis proibitivo, especialmente para as pessoas que moram longe dos principais centros de lazer do Rio de Janeiro e São Paulo, e entre as duas cidades São Paulo está numa situação pior. Se no Rio, depois de uma balada, dá para ir à Central do Brasil e conseguir um ônibus para boa parte dos bairros das zonas Norte e Oeste, em São Paulo, depois das 23:00, a situação fica complicada para quem vive longe das estações do metrô. Depois que o metrô fecha a situação fica ruim para todo mundo que vive longe de áreas boêmias como a Vila Madalena e a Augusta.

Em suma, restam duas opções para os festeiros: usar o sistema do motorista da rodada – uma boa para quem mora perto dos amigos – ou encarrar o táxi e o risco de encontrar um motorista sacana.

Eu que sou perdida e não vivo sem meu GPS já fui enganada algumas vezes em Sampa e uma no Rio. Já paguei 90 reais em São Paulo por uma corrida que depois soube que custaria 50 se o motorista não tivesse dado a volta ao mundo para me deixar em casa, no Rio já morri em 100 reais por uma corrida que daria entre 60 e 70 reais, essas foram as situações que mais me revoltaram, se eu falasse de todas não terminaria o texto. Pois bem, esse é o preço de tentar obedecer às leis num país onde sempre tem um que quer se sair bem. Para evitar esse tipo de transtorno vale a pena ter um taxista de confiança e combinar com ele um horário para ele te resgatar da balada, mas mesmo assim uma corrida de táxi não sai barata e a técnica não funciona para quem não dispõe de uns 60 reais especialmente reservados para bancar a volta pra casa.

Lei Seca? Claro que eu apoio! Mas a lei seria muito mais eficiente se o poder público trabalhasse para garantir o funcionamento de linhas de ônibus durante toda a noite, ao menos nos finais de semana! Cabe ainda lembrar que há meios de burlar a lei, basta um celular com acesso à internet e uma conta no Twitter para ter informações em primeira mão dos locais onde as blitz da Lei Seca estão. Quem quer beber e mesmo assim decide dirigir encontra meios de escapar das blitz, isso é fato. Com a pouca oferta de transporte público nas noites há muita gente que usa os recursos da internet para se jogar na cachaça e depois voltar para casa no próprio veículo, isso, é claro, se não causar um acidente no caminho e colocar em risco a própria vida e a de terceiros.

A questão principal é que a falta de transporte público de qualidade, inclusive durante as madrugadas, é um tremendo desrespeito ao direito de ir e vir dos cidadãos. Queremos a Lei Seca, mas também busão!